Ibovespa se afasta dos 100 mil pontos com exterior negativo; dólar recua

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O mercado vem demonstrando pouco apetite a risco nesta terça-feira (7). Bolsas asiáticas e europeias vão operando sem direção definida, com os investidores temerosos em relação ao coronavírus.

Às 10h12, o dólar recuava 0,16%, a R$ 5,3486. A moeda americana chegou a avançar ante o real no início da sessão.

No Brasil, a bolsa paulista demonstrava fraqueza com o Wall Street sem viés claro. “Após um início impressionante da nova semana de negociação, os mercados de ações (no exterior) mostraram alguma consolidação na madrugada”, observou o analista Milan Cutkovic, da AxiCorp.

Além disso, está no radar dos investidores a notícia de que Jair Bolsonaro testou positivo para o novo coronavírus – apesar disso, a confirmação do contágio influenciou pouco no comportamento do Ibovespa.

Nos primeiros negócios do dia, o principal índice da bolsa brasileira recuava 0,43%, aos 98.337 pontos. Já após Bolsonaro ter testado positivo para Covid-19, a bolsa passou a cair 0,8% aos 98.937.

Na visão da equipe da Terra Investimentos, o resultado de hoje deverá deixar os tão esperados 100 mil pontos para outro dia

A CVC Brasil era o papel que performava pior, recuando 4,18%, após a companhia aumentar a perda estimada em erro contábil de R$ 250 milhões, para R$ 350 milhões. Os valores são referentes de transações a fornecedores de serviços turísticos entre os anos de 2015 e 2019.

As frigórificas, por outro lado, recuperavam-se das quedas do último pregão, com Marfrig, Minerva e JBS subindo mais de 2%.

Histórico – Dólar

Durante a sessão desta terça-feira (7), o dólar virou para queda ante o real, depois de chegar a subir perto de 1% nesta manhã – com fluxos pontuais fazendo preço em meio a um mercado com liquidez reduzida e volatilidade elevada.

Para Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos, a moeda americana atua sem padrão de comportamento. Isso porque, o dólar vem oscilando nas últimas semanas de forma ‘lateralizada’. “A moeda pode continuar oscilando perto de um equilíbrio entre 5,49 reais e 5,29 reais. A tendência é não ter movimentos exclusivos”, afirmou.

Na última segunda-feira, a moeda norte-americana subiu apesar de o dia ter sido positivo nos mercados externos, embalados por otimismo com dados na China e nos Estados Unidos. Investidores buscaram proteção na moeda dos EUA diante do menor custo de hedge no mercado doméstico.

Operadores voltaram a citar o trade “compra de bolsa/compra de dólar”, que deu a tônica em vários meses recentemente, já que o hedge via câmbio está mais barato com a Selic nas mínimas históricas.

O juro baixo é visto como suporte à recuperação da atividade econômica, mas por outro lado torna o real uma moeda menos atrativa em relação a seus pares. A melhora da economia poderia fortalecer o balanço das empresas, elevando os preços das ações, mas o juro nas mínimas manteria o real sob pressão, especialmente diante do aumento de preocupações fiscais.

Pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta segunda mostrou estimativa de contração de 6,50% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Contudo, houve ligeira melhora em relação à taxa de -6,54% da semana passada. Ainda de acordo com a sondagem, o mercado espera dólar de 5,20 reais ao fim de 2020, pela mediana das projeções.

Na semana passada, o Itaú Unibanco piorou a estimativa para os déficits primários no Brasil em 2020 e 2021, citando despesas com auxílio emergencial neste ano e aumento de gastos sociais no ano que vem. O Itaú vê o dólar a R$ 5,75 ao fim de 2020.

Mas mesmo o cenário para a economia, a despeito de dados recentes acima do esperado, segue turvo, por causa da pandemia.

Alguns elementos sugerem que o Brasil pode estar embarcando em um processo prematuro de abertura, aumentando os riscos de que o controle do surto de Covid-19 acabe demorando mais tempo. Isso implica riscos de queda para nossas previsões fiscais/de crescimento”, disseram analistas do Citi em nota.

Uma economia mais fraca pressionaria os juros para baixo e desestimularia ingresso de capitais ao país, combinação que joga contra a taxa de câmbio.

Em nota, o Goldman Sachs disse estar “bullish” (otimista) com o peso mexicano na América Latina — e não citou o real. O peso mexicano subia 0,2% nesta sessão.

Na véspera, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a falar sobre o combo juro baixo/câmbio desvalorizado como nova realidade para a economia brasileira.

Bolsa

O Ibovespa fechou no maior patamar em quatro meses, em meio a perspectivas positivas de recuperação econômica pós-Covid-19 e com intenso noticiário corporativo no país.

Na visão de analistas da Mirae Asset, mercados no exterior abriram a semana sustentados por expectativas otimistas da recuperação da economia global. “O mundo está olhando para a China, que responde com boa retomada econômica e aparente sucesso em conter o Covid-19”, afirmaram em nota a clientes.

Em Wall Street, o S&P 500 fechou em alta de 1,59%, favorecido ainda por dados melhores do que o esperado sobre o setor de serviços norte-americano, que ajudou a ofuscar nova onda de casos de coronavírus nos Estados Unidos.

Do cenário brasileiro, também repercutiram comentários do ministro da Economia, Paulo Guedes, do domingo, de que o governo fará quatro grandes privatizações em até 90 dias e que a reforma tributária deve ser aprovada ainda em 2020.

Para a casa de pesquisa e análise Eleven, o Ibovespa está em uma zona de congestão, com uma rotação entre setores.

“A temporada de divulgação de resultados do segundo trimestre, que se inicia neste mês, deve trazer à tona uma dolorosa verdade, do difícil momento que diversos setores e empresas estão vivenciando. Resta saber o quanto das más notícias no curto prazo já estão precificadas”, afirmou.

O mercado de capitais brasileiro voltou à atividade com toda força no segundo trimestre e as ofertas de ações de empresas domésticas já cresceram 10% no primeiro semestre, segundo dados da Refinitiv.

Com o desempenho desta sessão, o analista Fernando Góes, da Clear Corretora, destacou que, embora a marca dos 100 mil pontos tenha um efeito psicológico grande, “graficamente começamos a olhar para os 105/107 mil pontos, que deve ser o novo alvo”.

A última vez em que o Ibovespa fechou acima dos 100 mil pontos foi em 5 de março.(CNN)

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