ARGUMENTOS EM TORNO  DAS  REDES  SOCIAIS

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Por José Gadêlha Loureiro

Parte I

 

O estudioso estadunidense, Jaron Lanier, ao abordar as implicações digitais no mundo, em seu livro Dez Argumentos para você deletar agora suas redes socais , traz à tona questões pertinentes  e incomodativas, que seria necessário você, cara leitora, caro leitor, ficar atento! Antes de tudo, não se trata de alguém revoltado com a lógica das insanidades culturais de seu pais, mas de um estudioso e cientista que trabalhou  por muito tempo no Vale do Silício e conhece a engenharia dos algoritmos e seu poder de manipulação a partir das lógicas do comportamento humano.

 

Considerando as questões da psicologia humana – no víéis behaviorista e suas instrumentalizações para outros fins… inclusive para treinar e manipular seres humanos, destacando que o movimento behaviorista surgiu antes da invenção dos computadores. Por isso, argumenta o autor, as redes sociais estão  a serviço da máquina Bummer, trabalhando na lógica da vigilância generalizada constante e sutil, antiética, cruel, perigoso e desumano, em busca constante de lucros bilionários. Perigoso, porque, destaca o autor, a serviço de quem essa máquina de manipulação trabalha?

Considerando a lógica da manipulação a partir de leituras comparadas sobre o comportamento de milhares de pessoas, o autor elenca dez argumentos de forma coerente, demonstrado com fundamentos o poder de manipulação das redes sociais.

Argumento um – Voce está perdendo seu livre arbítrio. BEM VINDO À GAIOLA QUE VAI A TODOS OS LUGARES COM VOCE.  Estamos sendo rastreados e avaliados constantemente, e recebendo o tempo todo um feedback artificial. Estamos sendo hipnotizados, pouco a pouco por técnicos que não podemos ver para propósitos que não conhecemos. Agora somos todos animais de laboratório. Por isso, a cada segundo os algoritmos se empanturram de dados sobre voce.

Argumento dois – Largar as redes sociais é a maneira mais certeira de resistir à insanidade dos nossos tempos.  A MÁQUINA BUMMER. O problema não é o smartphone, não é a internet, que vai e volta sendo acusada de arruinar o mundo. A questão, segundo LANIER, é quando tudo isso está ligado – e mesclado de behaviorismo – à máquina Bummer, ou seja, Comportamento de Usuários Modificados e Transformados em um Império para Alugar. Bots, inteligências artificiais, agentes, comentaristas falsos, amigos falsos, cartazes falsos, perfis falsos automatizados: é uma miscelânea de fantasma. Tudo isso a serviço da máquina de manipulação Bummer!

Argumento três – As redes sociais estão tornando você um babaca. A NATUREZA MISTERIOSA DA TECNOLOGIA DE AMPLIFICAÇÃO DO BABACA. A questão não é, segundo o autor, que ele se ache melhor do que você, por não ter contas nas redes sociais. No entanto, o próprio autor observou que desde que as redes sociais decolaram, os babacas estão com mais voz no mundo – e esses recebem a maior parte da atenção e com frequência acabam determinando o tom da plataforma. A questão-chave é que as pessoas ficam focadas  em camadas prevalecentes de buscas de recompensas puramente psicológicas – na lógica estúpida da Bummer.  Olhe para dentro de si mesmo e não deixe seu caráter se degradar. Ele é a coisa mais preciosa em você – e não o  que você aparenta ser nas redes socais!

Argumento quatro – As redes sociais minam a verdade.  TODO MUNDO SABE – QUANDO AS PESSOAS SÃO FALSAS, TUDO SE TORNA FALSO. É linguagem corrente atualmente o quanto as redes sociais minam a verdade e como a tecnologia destruiu a verdade. Além disso, cada componente da máquina Bummer (de A a F) destrói a verdade a sua maneira. Ora, a verdade, no sentido de uma afirmação que pode ser testada ou de acontecimentos que são documentados com honestidade – é por definição um anátema para as manipulações da máquina Bummer. E essa, vez por outra, contorna a verdade e sorrateiramente tenta suprimi-la para prosperar em seus negócios escusos.

 

Exército de pessoas falsas em uma plataforma Bummer ocupam hoje bastante espaços e direcionam as circunstâncias em favor de seus mentores. Por sua vez, os perfis falsos de uma forma geral não são operados por essas mesmas pessoas, as quais regem a plataforma Bummer, – são, no entanto, fabricadas em novo submundo. Daí, a conclusão óbvia: existe atualmente uma fábrica que comercializa humanos falsos para te induzir falsamente!

 

E vejam o mais absurdo. Advogados de empresas de mídias sociais, em depoimento perante o Senado dos Estados Unidos, declararam que as referidas empresas não podiam detectar as pessoas falsas. Ou seja, as mesmas não têm meios para tal! Presume-se, então, que os algoritmos da Bummer estão manipulando pessoas falsas, como manipulam você. Só que há um detalhe nisso, ao contrário de você, os bots são imunes a a manipulação!

Argumento cinco – As redes sociais transformam o que você diz em algo sem sentido.  SIGNIFICADO “PARCIALMENTE ABERTO”. O POVO DO POD.

Imagine voce, quando o contexto é dominado pela plataforma Bummer, a comunicação e a cultura se tornam insignificantes, obviamente rasas e previsíveis. A Bummer substitui seu contexto pelo contexto dela, ou seja, voce não é mais um nome, mas um número; número de curtidas, número de cliques, número de visualizações e o que for importante para máquina em tempo real.

 

No mundo das ficções distópicas, tornar-se  número é adjetivar sua sujeição pública a um sistema de domínio; e as pessoas, ingenuamente, sem perceberem, estão aceitando a invasão sorrateira de sua liberdade e auto destruindo o livre arbítrio.

Por sua vez, a lógica Bummer coloca o jornalismo submisso ao “deus” das estatísticas, pois o excesso de conteúdo tem com finalidade garantir cliques – o clickbait – o que diminui o nível do discurso público; aos jornalistas, não há espaços para assumir uma postura mais séria. Há uma constante obsessão da Bummer por notícias…notícias…e notícias! E quando se tornam menos motivados pelo desejo de alcançar as pessoas diretamente, os jornalistas perdem a sua relação com o contexto. E quanto mais bem sucedido o jornalista é nessa lógica, menos sabe o que está escrevendo.

 

Jornalistas independentes tem conseguido manter padrões mais elevados do que influenciadores digitais, entretanto têm pagado um preço elevado.  Agora, pelos padrões da Bummer, o que é real é falso; na máquina, a realidade foi substituída por números imbecis.

 

Entretanto, uma parte do mundo on-laine que ainda não destruir seu contexto é o podcaster. Esse ainda não é Bummer! Os podcasters são pessoas verdadeiras, conhecidas dos ouvintes. Eles são episódicos e desenvolvem uma sensação de personalidade e contexto. A experiência de um ouvinte é mais parecida com a experiência do podcaster do que acontece quando alguém usa um feed da Bummer.

E como o autor destaca, os podcasters ainda dependem de assinaturas e lojas aplicativos,  por isso, mantêm uma estrutura de pessoa para pessoa, e não uma estrutura de pessoa para público/algoritmo/manipulador oculto. E aproveite o podcaster enquanto for possível!

 

Em tempo: na parte II continuaremos com o restante dos argumentos.

José Gadêlha Loureiro, professor aposentado de História da SEEDF.

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