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Por Miguel Lucena
Há pessoas que atravessam a vida como quem cumpre um roteiro já escrito, sem sobressaltos, sem desvios, sem tempestades. Mas há outras, raras e obstinadas, que fazem da própria vida um campo de batalha, um palco de sonhos, um canteiro de revoluções. Zezé é dessas.
Companheira de jornada por 35 anos — 37, se contarmos os primeiros passos no namoro —, sempre soube que o mar não seria de calmaria. Mas quem disse que Zezé queria calmaria? Para ela, viver nunca foi apenas existir; foi, desde sempre, lutar.
Ainda jovem, acreditava que poderia transformar a Educação na Bahia, e não esperou por exércitos. Foi sozinha, como quem sabe que um ideal só precisa de uma faísca para incendiar consciências. Depois, olhou para além do Atlântico, para Angola, e outra vez acreditou que sua vontade poderia mover mundos e pessoas. A pátria-mãe Brasil nunca escapou desse olhar guerreiro: Zezé acredita que pode mudar o país, e nem mesmo a descrença dos outros a detém.
Nas trincheiras dos movimentos políticos, sindicais e populares, Zezé nunca foi apenas uma militante. Foi um facho de luz nas noites difíceis, um grito firme quando tantos silenciavam, uma rocha em meio às tempestades. E, se a história ensina que grandes batalhas pedem coragem, Zezé é o próprio exemplo vivo de quem nunca recuou.
Mas há nela, além da guerreira, a mulher-mãe-filha que soube honrar sua família. Nos momentos mais duros, não apenas enfrentou as chuvas e trovoadas: segurou firme o leme, evitando que o barco da vida fosse lançado à deriva. Quando o mundo cobrava forças que pareciam esgotadas, Zezé sempre encontrou um jeito de seguir, de recomeçar, de reacender a esperança.
Hoje, neste dia que celebra sua existência, não basta desejar felicidades. É preciso reconhecer sua grandeza. Porque poucas pessoas fazem do amor uma revolução, e menos ainda fazem da revolução um ato de amor.
Feliz aniversário, Zezé! Que sua força continue a inspirar, que sua coragem continue a contagiar, e que sua fé na mudança do mundo nunca se abale.
