WhatsApp eleitoral?

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Cidade de Vicente Pires
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Iniciativa da Administração Regional, chefiada por indicado de deputado distrital, é questionada por moradores e levanta dúvidas sobre a real finalidade do cadastro

 

 

A menos de um ano do início do calendário eleitoral, práticas com indícios de uso político da máquina pública começam a chamar atenção no Distrito Federal. Em Vicente Pires, a Administração Regional, comandada por Anchieta Coimbra — indicado pelo deputado distrital Daniel de Castro —, autorizou o envio de um formulário para todos os síndicos da região. O objetivo, segundo a gestão local, seria “organizar e atualizar os dados dos condomínios”. No entanto, o método da abordagem e o conteúdo do material levantaram suspeitas entre moradores e lideranças comunitárias.

A mensagem foi enviada por WhatsApp, assinada por uma suposta assessora do administrador. “Olá! Sou Maria Eduarda, assessora do administrador Anchieta, da Administração Regional de Vicente Pires. Estou compartilhando este link de formulário, que foi um pedido do administrador para que possamos organizar e atualizar os dados dos condomínios da região”, dizia o texto, replicado em diversos grupos da comunidade.

O que chamou atenção foi a presença, em uma das imagens do formulário, do nome da Terracap — empresa pública responsável pela gestão fundiária do DF. A reportagem questionou a Administração Regional sobre o uso da logomarca e da imagem da empresa no material. A resposta foi evasiva: “Não tem imagem da Terracap”, limitou-se a informar.

Em contato com o site, a comunicação da Administração de Vicente Pires encaminhou, nesta sexta-feira (11), novas respostas.

  • Qual a finalidade do cadastro?
    VP: Segundo nossa equipe, que está realizando o cadastro dos condomínios, ao enviar o formulário, pode ter ocorrido algum equívoco por parte de quem recebeu. No entanto, vale destacar que nosso formulário não tem a logomarca da Terracap, pois o cadastro da Terracap é feito pelo site e não realizamos nada com a logomarca de outro órgão.

  • Quem autorizou o uso da estrutura da administração pública para essa ação?
    VP: Estamos criando uma linha direta com a comunidade por meio desse cadastro. Nosso objetivo é estar cada vez mais próximo da comunidade, para que haja uma maior sintonia de comunicação. Além disso, esse cadastro também nos ajudará a dar mais celeridade às demandas da comunidade. O pedido foi feito pelo administrador.

  • A Terracap autorizou o uso do nome no formulário?
    VP: Nossa estrutura é exatamente para atender à comunidade, e o que estamos realizando por meio do cadastro é totalmente a favor da população. Contudo, é importante destacar que se trata de um cadastro opcional.

  • Esse assunto é de interesse da Administração Regional?
    VP: Não é uma iniciativa da administração regional, mas sim uma iniciativa nossa, com o objetivo de atender à comunidade de forma mais célere.

A justificativa, considerada genérica por integrantes da própria comunidade, não convenceu. Um síndico da região, que preferiu não se identificar, denunciou que a ação tem claro viés político. “Com a chegada do pleito eleitoral, alguns pré-candidatos usam o poder para se beneficiarem da máquina pública”, afirmou.

A Terracap também foi procurada pela reportagem para esclarecer se houve autorização para o uso de sua marca na peça enviada. Abaixo resposta Terracap:

“Informamos que o cadastramento promovido pela Administração Regional de Vicente Pires não tem qualquer relação com o processo de regularização fundiária conduzido pela Terracap por meio da Venda Direta.

Esclarecemos, ainda, que o cadastro da Terracap é individual, realizado exclusivamente pelos canais oficiais da Agência, e é obrigatório para que os ocupantes tenham acesso aos benefícios do programa de regularização.” .

 

A movimentação precoce reforça o clima de disputa antecipada que deve marcar as eleições de 2026 no Distrito Federal. Com lideranças buscando se consolidar antes mesmo das composições partidárias e das convenções estabelecidas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF), a estratégia de “atualizar cadastros” pode ocultar interesses menos republicanos.

A expectativa é que os órgãos de controle fiquem atentos a possíveis desvios de finalidade, especialmente em ações com aparente uso institucional para fins eleitorais — uma prática recorrente, porém, ilegal e passível de responsabilização.

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