Em meio à escalada de tensão entre o presidente Jair Bolsonaro e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro da Educação, Abraham Weintraub, deveria prestar depoimento, mas se reservou ao direito constitucional de ficar calado. A oitiva ocorreu sexta-feira (29) no inquérito das chamadas fake news, após declarações dadas por ele em reunião ministerial do dia 22 de abril.
De acordo com uma fonte, o depoimento ocorreu no prédio do Ministério da Educação em Brasília e já se encerrou. Weintraub se reservou ao direito constitucional de ficar calado.
Procurada, a assessoria de imprensa do ministério disse, por meio de nota, que “por se tratar de inquérito sigiloso, qualquer informação sobre o caso deve ser requerida junto ao juízo da causa. Portanto, a pasta não irá se manifestar”.
Reunião fatídica
Na reunião de abril, tornada pública em vídeo na sexta-feira passada, Weintraub deu uma declaração polêmica envolvendo os ministros do Supremo. “Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”, disse o ministro da Educação no encontro.
Na terça-feira, o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news, havia dado 5 dias de prazo para que a PF tomasse o depoimento do ministro no inquérito.
Na prática, o depoimento de Weintraub ocorreu antes do fim do prazo estipulado e também antes de uma decisão sobre o habeas corpus impetrado no STF pelo ministro da Justiça, André Mendonça, que pedia a suspensão da oitiva do colega de Esplanada.
Bolsonaro, que tem criticado duramente iniciativas do Supremo, como o próprio inquérito das fake news relatado por Moraes, chegou a dizer que “ordem absurda não se cumpre”.