A atendente de uma pizzaria em um shopping do Distrito Federal procurou a delegacia, nesta quarta-feira (11), para registrar uma queixa de injúria racial contra Frederick Wassef. Ele é ex-advogado da família do presidente Jair Bolsonaro.
A funcionária da Pizza Hut afirma que foi chamada de “macaca” após Wassef reclamar que a pizza “não estava boa”. O caso teria ocorrido no último domingo (8), no Setor de Clubes Sul, e foi registrado na 1ª Delegacia de Polícia, na Asa Sul. A denúncia foi revelada pela revista Veja.
De acordo com a Polícia Civil, a vítima, que não teve a identidade revelada, contou aos investigadores que o advogado perguntou se a mulher teria comido a pizza e ela respondeu que não. Com a negativa, de acordo com o boletim de ocorrência, Wassef teria dito em voz alta: Você é uma macaca! Você come o que te derem.”
Por meio de nota, Wassef negou o ocorrido. De acordo com ele, “tudo que foi dito pela funcionária são mentiras e calúnias”. O advogado diz ainda que é “vítima de uma farsa e armação montada”. Ele afirmou que o caso visa “futura ação indenizatória para ganhar dinheiro”.
Como a vítima compareceu à delegacia na noite desta quarta, a apuração policial ainda está em fase inicial e, a partir desta quinta-feira (12), os agentes devem começar os interrogatórios.
Por meio de nota, o advogado do grupo Pizza Hut, Bernardo Fenelon, informou que acompanhou a vítima no momento do registro da ocorrência policial. De acordo com ele, “os fatos são inaceitáveis” e a cliente “espera que a justiça seja feita”.
Leia íntegra da nota da Pizza Hut
“Em razão dos recentes episódios de agressões verbais e físicas, bem como de discriminação racial/social, ocorridos na unidade da Pizza Hut localizada no Píer 21, em Brasília, por parte de um cliente contra funcionários da loja, a Pizza Hut Brasil vem a público manifestar seu absoluto repúdio aos fatos ocorridos e seu apoio aos funcionários agredidos e ao franqueado da referida unidade.
A Pizza Hut Brasil vem dando todo o suporte para os colaboradores e parceiros agredidos para que os mesmos façam valer os seus direitos e para que sejam tomadas as medidas necessárias para evitar que tais atos se repitam, entre as quais a comunicação dos fatos para as autoridades competentes mediante o registro de um boletim de ocorrência contra o agressor.”
Confira, abaixo, nota do advogado:
“Não chamei ninguém de macaco. A funcionária não é negra e mentiu, afirmando que eu a chamei de negra e por isso não queria ser atendido por ela. Foi fazer um boletim de ocorrência três dias após o fato narrado, levou fotógrafo para tirar sua foto na delegacia fazendo o B.O [boletim de ocorrência] e divulgou para a imprensa imediatamente.
Existem seguranças na porta do Pizza Hut, a poucos metros ao lado da pizzaria, que ali ficam permanentemente para fazer o protocolo da Covid 19, na entrada do shopping. Se fosse verdade o que a funcionária afirmou falsamente, teriam me prendido em flagrante e filmado com celulares. Outra mentira é que outros funcionários teriam testemunhado o narrado por ela. Ela estava sozinha no caixa e ninguém estava perto. Apenas parei no caixa para pagar a conta e fui embora. Vou comunicar a polícia deste crime de denunciação caluniosa do qual fui vítima.”
Racismo e injúria racial
De acordo com a legislação brasileira, o crime de racismo é aplicado quando a ofensa discriminatória é contra um grupo ou coletividade. Por exemplo, impedir que negros tenham acesso a estabelecimento comercial privado.
Já com base no Código Penal, injúria racial se refere a ofensa à dignidade ou decoro, utilizando palavra depreciativa referente a raça e cor com a intenção de ofender a honra da vítima. (G1)