Por Carlos Arouck
A vitória de Jair Bolsonaro, mesmo fora do cargo, ressalta seu impacto contínuo na política brasileira. Sua capacidade de mobilizar a base conservadora e influenciar as campanhas eleitorais ficou evidente, consolidando a força da direita e centro-direita. A aliança desses blocos, fundamentada em segurança pública, valores familiares e uma economia de mercado livre, convenceu o eleitorado de seu potencial de sucesso, reforçando o legado bolsonarista.
Em contraste, a esquerda brasileira enfrenta uma crise de identidade. As eleições municipais mais recentes evidenciam a desconexão com setores importantes da população, um fato que o próprio Lula, ex-presidente e influente figura na política de esquerda, não esconde. Ele, junto aos seus aliados, reconheceu a necessidade de melhorar a comunicação e renovar o discurso para evitar um afastamento ainda maior da população.
Os dados confirmam um cenário em que partidos centro-direita e direita fortalecem suas bases, enquanto partidos tradicionais sofrem um declínio acentuado. Em 2024, a direita e centro-direita, apesar de algumas perdas, ainda controlam uma parte significativa das prefeituras, enquanto a esquerda registra um leve crescimento no número de votos. Isso aponta para um equilíbrio maior na disputa política local.
O desempenho do PSD exemplifica essa transformação. Apesar de um ligeiro revés em 2024, o partido ainda é uma força significativa em nível municipal, apresentando um crescimento considerável desde 2020. Em oposição, partidos como PSDB, Podemos e PDT viram sua base de apoio erodir consideravelmente.
Este panorama exige que a esquerda reavalie suas estratégias e se reconecte com as aspirações da sociedade para se tornar competitiva novamente. A eleição mostrou que os temas tradicionais da esquerda, como justiça social, precisam se aliar a preocupações mais imediatas da população — como desemprego e inflação — caso queiram deter o avanço da direita. A força e influência de Jair Bolsonaro continuam a moldar a política nacional, apresentando desafios inegáveis para o futuro dos partidos de esquerda no Brasil.