Nova sigla, União Progressista Brasileira (UPB), nasce com 109 deputados, 15 senadores e foco nas eleições de 2026
Após quase três meses de negociações, União Brasil e Progressistas formalizam nesta terça-feira (19) a criação da federação União Progressista Brasileira (UPB). O evento ocorre no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, e marca a formação do maior bloco partidário do país.
Com 109 deputados federais e 15 senadores, a nova federação se consolida como força relevante no Congresso Nacional. Apesar de controlar quatro ministérios no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a aliança já nasce em posição de distanciamento do Palácio do Planalto e com estratégia voltada às eleições de 2026.
Os presidentes das legendas, Antônio Rueda (União Brasil) e Ciro Nogueira (Progressistas), têm defendido abertamente a construção de uma candidatura de direita para o próximo pleito presidencial, descartando apoio ao PT. A articulação para a entrada de ambos os partidos na base do governo foi conduzida anteriormente por Arthur Lira (PP-AL) e Davi Alcolumbre (União-AP), que garantiram indicações em ministérios estratégicos. A tendência, no entanto, é de que os atuais ministros se mantenham nos cargos mesmo com o distanciamento político.
Historicamente, União Brasil e Progressistas nunca ofereceram votos unânimes ao governo Lula no Congresso, mantendo uma relação marcada por pragmatismo e negociações pontuais. O atrito se intensificou nas últimas semanas, após o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quando os dirigentes das legendas ampliaram o tom crítico contra o Planalto.
Nos bastidores, Ciro Nogueira desponta como possível candidato a vice na chapa de oposição que deve ter o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como cabeça. Reuniões recentes com Valdemar Costa Neto, presidente do PL, indicam alinhamento da federação com partidos de oposição para fortalecer a direita em 2026.
Fundo bilionário e disputas internas
A União Progressista Brasileira também nasce com a maior fatia do financiamento partidário e eleitoral. A soma do fundo partidário das legendas chega a R$ 197,6 milhões anuais, enquanto o fundo eleitoral deve alcançar R$ 953 milhões em 2026. O volume de recursos deve impulsionar campanhas no Legislativo e consolidar a força da federação no cenário nacional.
O principal impasse, no entanto, será definir o candidato à Presidência. Enquanto Rueda e Nogueira defendem nomes ligados ao bolsonarismo, parte do União Brasil insiste na candidatura de Ronaldo Caiado (UB-GO), governador de Goiás, que enfrenta resistência dentro da própria cúpula.
Outro ponto sensível é a relação com o governo federal. Lula articula apoio a Arthur Lira para o Senado por Alagoas, em aliança com Renan Calheiros (MDB), e a um nome indicado por Alcolumbre no Amapá. Essas movimentações tendem a acirrar divergências internas sobre a estratégia da federação em 2026.
Com a criação da UPB, União Brasil e Progressistas reforçam seu peso político e inauguram um novo capítulo na disputa pelo protagonismo da oposição, mirando diretamente o futuro do Congresso e a sucessão presidencial.