O novo Papa e a promessa de uma Igreja sinodal, próxima e unida
Por Simone Salles
Em um momento de crises humanitárias e de profunda indiferença espiritual, a Igreja Católica apresenta ao mundo o novo Pontífice. Com ele, uma mensagem de união e esperança. Quando se dirigiu pela primeira vez à multidão reunida na Praça de São Pedro e aos bilhões de fieis ao redor do mundo, o Papa Leão XIV proclamou, com palavras que ecoaram como proféticas:“ A Paz esteja com todos vós.”
Essa declaração inicial parece indicar o tom de seu pontificado: humildade, firmeza nos valores do Evangelho e um forte chamado à comunhão. Com a escolha do nome Leão, o novo Papa revive uma tradição adormecida desde Leão XII, há mais de um século, desde a última vez que este nome apareceu na liderança da Igreja. Em geral, os Papas Leão foram, ao longo da história, reformadores, teólogos e diplomatas hábeis. Em tempos recentes, nomes como João, Bento e Francisco dominaram a Cátedra de Pedro — a volta de um Leão sugere força espiritual combinada com a compaixão pastoral.
Sua eleição pode indicar uma tentativa de renovação espiritual da Igreja, que tem como prioridade evitar mais divisões características de um mundo polarizado e transmitir a paz do Cristo Ressuscitado — uma paz, segundo o próprio líder religioso, desarmada, que não se impõe, mas que acolhe e transforma.
Já no início de seu pontificado, o Papa Leão XIV enfatiza que a verdadeira paz vem do entendimento e do diálogo, especialmente com aqueles que mais sofrem. Sua abordagem é marcada por uma postura de caridade, inspirada pelos ensinamentos agostinianos, que pregam a importância de amar ao próximo e de viver uma fé que se manifesta na prática diária. Para ele, as questões sociais são essenciais, mantendo o foco na missão de acolher e servir.
Em seu discurso inaugural, o Papa também chama a atenção para a importância de uma Igreja que caminha junto, utilizando o conceito de Igreja sinodal. Essa ideia de uma comunidade que participa ativamente de sua própria missão é fundamental para o seu projeto de renovação. Ele acredita que todos — leigos, religiosos e clero — devem construir pontes de diálogo, especialmente com aqueles que estão à margem, com os que enfrentam dificuldades e com os que vivem na indiferença espiritual.
Leão XIV alerta que a sociedade moderna vive como se Deus não existisse, escrava do dinheiro, da tecnologia e do prazer. O Papa reforça que nada disso substitui a vivência da verdadeira fé cristã, da força que vem do coração, da capacidade de amar e de se colocar ao lado do próximo, especialmente daqueles que mais precisam de esperança. Para ele, a Igreja deve se fazer presente, com uma postura de proximidade e compreensão em apoio aos que não conseguem manter uma fé cristã sólida.
Em suas palavras, a Igreja deve ser uma ponte que conecta corações e mentes, promovendo uma convivência mais humana e compassiva. Ele citou figuras como São Miguel Arcanjo, símbolo de proteção e força, e Nossa Senhora de Pompeia, que representa a esperança e a fé inabalável, como exemplos de que a espiritualidade deve estar sempre presente na luta diária contra as adversidades.
Com um começo marcado por espiritualidade profunda, linguagem acessível e visão de comunhão, o novo Papa se mostra preparado para enfrentar os desafios do século XXI com fé firme, coração aberto e ouvidos atentos — como um verdadeiro pastor sinodal. Ele convida os fieis a refletir sobre o papel da fé na nossa vida cotidiana, lembrando que a paz verdadeira nasce do amor ao próximo, da caridade e do compromisso de construir uma sociedade mais justa e compassiva.