Se antes economistas previam que a pandemia do novo coronavírus iria afundar a economia brasileira para níveis próximos dos 9%, a divulgação nesta sexta-feira, 13, do avanço de 9,47% da prévia do Produto Interno Bruto (PIB) no trimestre encerrado em setembro sinaliza que o tombo será muito mais suave do que o esperado.
Em setembro, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou alta de 1,29%, a quinta alta consecutiva.
O otimismo é impulsionado pelo crescimento seguido de setores fundamentais da economia.
A alta 0,6% no varejo em setembro zerou as perdas causadas pela pandemia, enquanto o crescimento recorde de 3,6% em agosto jogou o segmento para o mesmo patamar do pré-crise.
Já a arrancada de 2,6% da indústria eliminou os prejuízos somados entre março e abril. O setor de serviços — o mais impactado pelas medidas de isolamento social —, ainda está bastante fragilizado, mas cresceu 1,8% em setembro, o quarto mês seguido em curva ascendente.
Todos esses levantamentos setoriais foram feitos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Porém, a despeito dos índices otimistas, os avanços recentes estão em ritmo menor dos registrados nos meses anteriores, indicando a desaceleração do crescimento.
Somado isso ao aumento do desemprego, fim do auxílio emergencial e a avaria nos cofres públicos, cria-se um cenário de desafios para a retomada sustentável da economia no próximo ano. O governo pretende voltar com o Bolsa Família para substituir o auxílio emergencial.
O relatório publicado toda semana pelo Banco Central com a expectativa do mercado financeiro sobre os rumos da economia, chegou a apontar queda de 6,5% do PIB – a média divulgada em junho, no ápice das incertezas geradas pela pandemia – e se retraiu para 4,8% na versão divulgada na segunda-feira.
A revisão do Fundo Monetário Internacional (FMI) foi ainda mais radial: saiu de 9,1%, também em junho, para 5,8% no mês passado. Para Marcela Rocha, economista-chefe da Claritas Investimentos, os dados do IBC-Br sinalizam que as perdas causadas pela pandemia no primeiro semestre — quando o PIB retraiu em níveis históricos e o Brasil entrou em recessão —, foram recuperadas nos últimos meses.
“O resultado consolida a perspectiva de que a economia se recuperou rapidamente. Além disso, o IBC-Br reforça que o tombo na economia em 2020 talvez não seja tão forte. O próprio consenso do mercado caiu bastante, e hoje se fala em 4,8%. Com os resultados do terceiro trimestre, acreditamos que pode ser ainda menor, mais próximo dos 4,5%”, afirma. No momento mais pessimista, a instituição financeira estimou recuo de 5,5%.