Dois ativistas de direitos humanos foram presos neste domingo, véspera da cerimônia de acendimento da chama, em Atenas após protesto contra as Olimpíadas da China. Porta-voz do COI destaca a simbologia do evento
Dois ativistas dos direitos humanos foram presos pela polícia grega após um protesto contra as Olimpíadas de Inverno de Pequim 2022, feito na Acrópole de Atenas no início desta manhã (17/10). A estudante tibetana Tsela Zoksang, de 18 anos, e o americano morador de Hong Kong Joey Siu, de 22 anos, seguravam uma bandeira tibetana e uma faixa com os dizeres “Hong Kong Livre – Revolução” próximo ao local onde organizadores dos Jogos preparavam o ambiente para um ensaio geral para a cerimônia de passagem da tocha olímpica, que está marcada para esta segunda-feira (18/10). Em entrevista coletiva após uma reunião do conselho executivo do Comitê Olímpico Internacional (COI) em Atenas, o porta-voz do COI Mark Adams não se pronunciou sobre este ou outros protestos contra o tratamento dado pelo governo chinês às minorias tibetana e uigur, com grupos apelando inclusive para o boicote aos Jogos.
– É o início de algo muito precioso – disse Adams, sobre a cerimônia da tocha. – Estamos ansiosos pelo acendimento da chama em Olímpia na segunda-feira. Os Jogos Olímpicos são provavelmente um dos únicos eventos no mundo que reúnem o mundo inteiro em paz, ajudam a construir pontes, e essa é a nossa missão. É para isso que estamos aqui e a chama simboliza isso.
O COI tem sido criticado por uma série de entidades defensoras dos direitos humanos por supostamente ignorar abusos cometidos no país. Em uma carta enviada ao COI, uma coalização de mais de 180 grupos afirmou que o comitê “fez vista grossa às violações generalizadas e sistemáticas dos direitos humanos cometidas pelas autoridades chinesas”.
Nos últimos anos, a China foi acusada de manter mais de um milhão de uigures, grupo de origem turcomena e predominantemente muçulmano, presos na região de Xinjiang. O governo chinês, a princípio, negou. Recentemente, porém, passou a dizer que eles estão em centros de treinamento e educação. Defensores de direitos humanos, porém, afirmam que os uigures sofrem com trabalho forçado, tortura, esterilização forçada e aborto. As acusações alegam um genocídio cultural e uma limpeza étnica por parte do governo chinês.(Ge)