TJDFT revoga prisão de Wilmar Lacerda, acusado de violência sexual, e impunidade gera críticas
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) revogou a prisão de Wilmar Lacerda, ex-vice-presidente do Partido dos Trabalhadores no DF (PT-DF), acusado de violência sexual contra duas adolescentes, de 13 e 17 anos. Desde outubro de 2024, ele estava preso preventivamente, mas agora cumprirá medidas cautelares, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica. A decisão, unânime, partiu da 3ª Turma Criminal do TJDFT, e o processo segue sob segredo de Justiça.
A revogação da prisão levanta questionamentos sobre a coerência das decisões judiciais em casos de violência sexual contra menores. Enquanto a sociedade clama por rigor no combate a crimes dessa natureza, a concessão da liberdade provisória a um acusado desse calibre parece reforçar a sensação de impunidade. A Justiça, que deveria proteger as vítimas, muitas vezes parece mais inclinada a garantir conforto e privilégios aos investigados.
Wilmar Lacerda foi afastado do PT-DF após sua prisão, e sua defesa afirma que provará a inocência dele na Justiça. No entanto, as investigações da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) indicam um cenário alarmante. A Operação Predador, deflagrada em agosto de 2024, prendeu inicialmente um empresário de 61 anos, amigo de Lacerda, suspeito de aliciar e abusar de “dezenas de adolescentes”, algumas com apenas 12 anos.
Segundo a PCDF, esse empresário organizava festas em uma chácara em Brasília, onde oferecia presentes às meninas e, posteriormente, cometia os abusos. Uma das vítimas relatou que era violentada desde os 13 anos. Mesmo com tais indícios, a defesa do empresário conseguiu um habeas corpus. No entanto, após ele tentar fugir, a Justiça determinou sua prisão preventiva.
A defesa de Wilmar Lacerda divulgou uma nota alegando que a prisão preventiva do ex-vice-presidente do PT-DF foi decretada com base em “argumentos espúrios” e distorções de fatos já analisados pelo Judiciário. Ainda assim, a libertação do acusado escancara a disparidade no tratamento de casos de violência sexual no Brasil.
Enquanto mulheres e crianças vítimas de abuso enfrentam dificuldades para obter justiça, acusados com influência política e boas conexões jurídicas conseguem liberdade, mesmo diante de denúncias graves. O caso expõe não apenas um possível crime hediondo, mas também a seletividade do sistema judicial, que, ao invés de garantir punição rigorosa, muitas vezes acaba favorecendo aqueles que possuem poder e prestígio. (*G1DF)