Timão pendurado em dois bancos para manter saúde financeira

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O Timão terá apoio de dois bancos, um deles o BMG em 2020. Tanto para conseguir reforços de atletas quanto para renegociar dívidas com o estádio. O outro é a Caixa Econômica Federal aceite a proposta de redução do valor das parcelas do financiamento.

 

O diretor financeiro do clube, Matias Romano Ávila, se mostrou otimista com o cenário atual, mas especialistas ouvidos pelo Estado dizem que as saídas encontradas são preocupantes.

Nem os bancos e nem o Corinthians dão detalhes das negociações. O Estado apurou que o patrocinador master, basicamente, passará a emprestar dinheiro ao clube para fazer contratações. Os R$ 20 milhões à vista pagos pelo atacante Luan, do Grêmio, vieram do BMG, por exemplo. A possível chegada do atacante Michael, do Goiás, também contará com dinheiro do banco especializado em crédito consignado.

O BMG, no entanto, não tem relação nem influência nas contratações. Ou seja, não receberá porcentagem de lucro em uma eventual venda.
O Corinthians solicita o valor, e o banco faz o empréstimo, com juros mensais de cerca de 3,5% ao mês.

O especialista em marketing esportivo Amir Somoggi, sócio diretor da Sports Value, condena a iniciativa corintiana.

“É o pior cenário possível. O Corinthians tem lastro, tem patrimônio. Mas, a cada antecipação, hipoteca o futuro do clube. É como você pedir ao seu chefe para antecipar os 12 meses de salário do próximo ano. Você fica com o dinheiro agora, mas como ficará lá na frente? A construção do estádio foi no mesmo caminho. O Corinthians quis construir, mas não tinha dinheiro para pagar”, avaliou.

 

O diretor executivo da Ernst&Young, Pedro Daniel, também é cauteloso com esse acordo. “A parceria com o BMG é muito mais arriscada do que o financiamento com a Caixa. O acordo expõe o problema de fluxo de caixa do clube”, afirmou.

O Corinthians teve um ano ruim financeiramente. A previsão é de fechar com déficit de R$ 144 milhões. A dívida líquida total do clube passa dos R$ 600 milhões. Esse valor é o total do passivo do clube, menos seu ativo e não inclui a dívida do estádio com a Caixa. Matias Ávila tentou tranquilizar os torcedores.

“A situação não preocupa”, comentou ao Estado. “A dívida anual está relacionada ao pagamento de salários futuro e direito de imagem. As contas estão em dia. E 70% da líquida é de longuíssimo prazo, de mais de 20 anos”, avaliou.

Seis meses de inadimplência

O Corinthians teve um ano atribulado com a Caixa. Depois de ficar sem pagar o financiamento por seis meses, o banco acionou o clube na Justiça e cobrou o pagamento restante do financiamento de R$ 536 milhões. Com isso, a Arena foi parar no Serasa.

O Corinthians negou o atraso e justificou que estava pagando de acordo com um acerto verbal feito com a antiga gestão da Caixa. Nela, o clube pagaria R$ 6 milhões mensais entre março e outubro e R$ 2,5 milhões nos quatro meses restantes, que é quando sua bilheteria diminui porque há menos jogos.

No novo acordo, o Corinthians sugere a mesma forma de pagamento, com valores mais baixos. Por consequência, o estádio não terminará de ser pago em 2028.

“Enviamos a proposta e estamos aguardando a posição da Caixa. A relação é ótima, tranquila. Nós queremos pagar e eles receber. Aconteceu o que pode acontecer com qualquer um. Você fica em dificuldade para pagar seu imóvel, você vai lá no banco e renegocia. Pago menos e o prazo aumenta um pouco. Vamos pagar os juros corretos”, avisou Matias.

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