Um dos presos pela Operação Spoofing — que prendeu rackers suspeitos no caso da invasão de celular do ministro da Justiça, Sergio Moro, — da Polícia Federal (PF), Gustavo Henrique Elias Santos, disse que viu mensagens interceptadas do ministro no celular de Walter Delgatti Neto, também preso na operação.
As informações foram prestadas pelo advogado Ariovaldo Moreira, que representa dois investigados – Gustavo Henrique Elias Santos e Suellen Priscila de Oliveira.
“Segundo relatos do Gustavo, o ‘Vermelho’ (apelido de Walter) mostrou para ele algumas interceptações de uma autoridade. Isso informação do Gustavo. Vai ser inclusive esse depoimento que ele dará hoje”, disse o advogado.
A operação, autorizada pelo juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, investiga invasão do celular de Moro, de um desembargador, um juiz federal e dois delegados da Polícia Federal. A operação foi deflagrada nesta terça-feira (23) nas cidades de São Paulo, Araraquara e Ribeirão Preto.
Gustavo Henrique Elias Santos disse ao advogado que Walter Delgatti Neto mostrou as mensagens apenas para se “vangloriar”, sem explicar intenção com as mensagens.
“Não. Ele me disse que o Walter apresentou para ele para se vangloriar, mostrar que tinha um certo acesso. Não comentou como foi obtido”, afirmou.
“Você vai ter problema”
“Sim. Ele negou para mim, disse que não tem envolvimento nenhum com essa interceptação. O que ele me disse é que chegou a ver isso no computador dele, inclusive ele ‘printou’ algumas mensagens no computador dele, e ele me disse que inclusive no aplicativo dele ele devolveu a mensagem para o Walter dizendo: ‘Cuidado com isso que você vai ter problema'”, afirmou Ariovaldo.
De acordo com o advogado, Gustavo não se lembra se viu as mensagens antes ou depois da divulgação de supostas mensagens do ministro. “Eu cheguei a perguntar isso pra ele. Ele não se lembra se isso foi antes ou depois do início da divulgação dessas interceptações”, afirmou.
Em junho, o site The Intercept divulgou trechos de mensagens atribuídas a procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba e ao então juiz Sérgio Moro extraídas do aplicativo Telegram.
Ainda de acordo com o advogado, a PF esteve no apartamento de Gustavo e apreendeu celulares, notebook e R$ 100 mil em dinheiro.
“O Gustavo é DJ e, segundo ele, estava operando compra e venda de bitcoin. Ele inclusive me autorizou a dizer isso por que tenho como comprovar a origem do dinheiro que tem na minha casa”, afirmou. Com informações do G1.