Só doido abre mão de um mandato de senador

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I
Acordou o senador
Querendo renunciar:
– Vou-me pra outro lugar
Livre como um beija-flor;
A mulher lhe disse: – Amor,
Pare com esse falsete,
Olhe para o balancete
E deixe de ser otário,
33 mil de salário,
100 mil para o gabinete.

II
– Delícias de camarões,
Café, pão e caviar,
De emenda parlamentar
São 38 milhões
Para enfiar nos grotões
E na porta da fazenda.
Onde eu vou montar minha tenda
Se tu largar a parada?
Fique aí sem fazer nada
Que eu cuido da emenda.

III
Após refletir direito,
Desculpou-se o senador:
– Estou a sentir uma dor
Bem na titela do peito,
Já falei com o prefeito,
Governador, deputado,
O vereador Conrado
Disse, com toda a razão:
– Tu és doido de abrir mão?
– Fico, “mas, porém”, contrariado!

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