Pedir ajuda é um ato de coragem, conversar pode salvar vidas
Por Simone Salles
O mês de setembro, já conhecido pela cor amarela que simboliza a luta pela vida, agora faz parte do calendário oficial brasileiro. Com a sanção da Lei nº 15.199/2025, o governo instituiu a campanha como política pública permanente e definiu duas datas nacionais: 10 de setembro será dedicado à prevenção do suicídio, e 17 de setembro à prevenção da automutilação. A medida reforça o compromisso do país em enfrentar um problema de saúde pública que, somente em 2023, tirou a vida de mais de 16,8 mil brasileiros, uma média de 46 mortes por dia.
O que há de novo neste ano
Além da oficialização da campanha, o Ministério da Saúde e o Ministério do Trabalho lançaram materiais inéditos para ampliar a conscientização. Entre eles, está a “Cartilha Amarela – Prevenção e combate ao assédio, a outras formas de violências e ao suicídio relacionado ao trabalho”, que chama atenção para o impacto do ambiente profissional na saúde mental. O documento explica como identificar situações de assédio e violências que podem levar ao sofrimento psíquico, à automutilação e até ao suicídio. Ele também destaca grupos mais vulneráveis, como mulheres, pessoas com deficiência e outras minorias frequentemente expostas a situações de discriminação e exclusão.
O tema da campanha de 2025, “Conversar pode mudar vidas”, reforça a importância do diálogo e da escuta ativa como instrumentos de prevenção. O slogan “Se precisar, peça ajuda” busca quebrar o estigma de que pedir apoio é sinal de fraqueza. Para ampliar o alcance, prédios públicos em várias capitais são iluminados de amarelo, e materiais educativos são distribuídos em escolas, universidades e ambientes de trabalho.
Sinais de alerta: pequenas mudanças podem ser um pedido de ajuda
Fique atento quando alguém (ou você) passa a perder o interesse por atividades antes prazerosas; quando fala frases como “preferia estar morto” ou “quero desaparecer”; ou diz acreditar que os outros estariam melhor sem sua presença. Mudanças notáveis no rendimento na escola ou no trabalho, retraimento social e falta de esperança em relação ao futuro também são sinais importantes. Observe ainda atitudes de desvalorização, como afirmar que nada ou ninguém pode ajudar, descuido com a aparência e alterações marcantes no sono ou no apetite.
Se você perceber vários desses sinais em alguém ou em si mesmo, procure apoio. Em caso de risco imediato, contate os serviços de emergência; no Brasil, o CVV oferece apoio gratuito e sigiloso pelo telefone 188, chat e e-mail.
O fortalecimento de serviços de apoio, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e o atendimento gratuito e sigiloso do CVV pelo telefone 188 continuam sendo peça central da estratégia nacional. Especialistas lembram que falar sobre o tema é essencial: ao contrário do mito de que conversar pode estimular práticas de risco, estudos mostram que abrir espaço para o diálogo salva vidas.
Com a lei, o Setembro Amarelo deixa de ser apenas uma campanha da sociedade civil e passa a ter respaldo oficial, garantindo continuidade, recursos e articulação entre União, estados e municípios. A expectativa é de que a medida ajude a ampliar o acesso a cuidados em saúde mental e fortalecer a cultura de prevenção em todo o país.
Histórico
O Setembro Amarelo nasceu com o propósito de derrubar tabus e incentivar que a sociedade procure e ofereça apoio. Desde sua primeira edição, em 2015, a campanha tem se expandido a cada ano, mostrando que falar sobre suicídio é essencial, embora seja um tema que exige atenção e responsabilidade.