Ricardo Cappelli, do PSB-DF, deve explicações sobre escândalo de R$ 6,3 bilhões no INSS
Uma das maiores operações da história recente da Polícia Federal, a Operação Sem Desconto, escancarou um suposto esquema bilionário de corrupção envolvendo entidades que teriam promovido descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões do INSS. A estimativa é que R$ 6,3 bilhões tenham sido subtraídos indevidamente dos beneficiários da Previdência Social entre 2019 e 2024.
O impacto da operação foi imediato: Alessandro Stefanutto, então presidente do INSS, foi afastado do cargo. Filiado ao PSB, o mesmo partido do vice-presidente Geraldo Alckmin e do pré-candidato ao Governo do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, Stefanutto assumiu o instituto em julho de 2023, permanecendo por pouco tempo antes do escândalo estourar.
Diante da gravidade do caso, cabe a Ricardo Cappelli não apenas se posicionar, mas também explicar à população do DF e do Brasil o envolvimento de nomes ligados ao seu partido em um dos maiores escândalos de corrupção previdenciária já registrados no país.
A omissão neste momento é inadmissível. Se o pré-candidato utiliza com frequência suas redes sociais para atacar adversários políticos e defender o governo Lula-Alckmin, também deve demonstrar disposição para enfrentar publicamente os escândalos que envolvem aliados partidários.
A Operação Sem Desconto mobilizou quase 800 agentes da PF em 13 estados e no DF, resultando na prisão de seis pessoas, no afastamento de servidores e no sequestro de R$ 1 bilhão em bens. Foram cumpridos 211 mandados de busca e apreensão.
Os crimes investigados incluem corrupção ativa e passiva, violação de sigilo funcional, falsificação de documentos, lavagem de dinheiro e organização criminosa. As entidades envolvidas são acusadas de firmar acordos irregulares com o INSS para realizar os descontos, violando direitos básicos de milhões de aposentados e pensionistas.
Ricardo Cappelli, como figura influente do PSB e defensor público da atual gestão federal, deve uma resposta clara e direta à sociedade. Transparência não é uma bandeira de ocasião — é obrigação de quem deseja governar o Distrito Federal.