Após uma reunião “frustrada” com o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, para tentar reverter a alta nas passagens de ônibus e metrô, a Mesa Diretora da Câmara Legislativa decidiu convocar uma sessão extraordinária para a próxima quarta-feira (4). Em plenário, os parlamentares devem colocar em votação um projeto de decreto legislativo para suspender – ou pelo menos adiar – a incidência do reajuste.
“Nós precisamos garantir a sustentabilidade do sistema. Para garantir a sustenbilidade, nós precisamos fazer o reajuste de tarifas. Se a Câmara Legislativa se comprometer a reduzir pela metade a gratuidade [do Passe Livre], para os estudantes de escolas privadas, nós temos condições de reduzir de R$ 5 para R$ 4,50 o reajuste da tarifa maior”, declarou Rollemberg após o encontro.
De acordo com o governador, o reajuste foi colocado em vigor para “manter o sistema funcionando”, e não há como rever a medida sem que uma alternativa seja apresentada. Segundo Rollemberg, a gratuidade universal para os estudantes é “insustentável”.
Segundo distritais que deixaram a reunião na metade, inconformados com o andamento do debate, Rollemberg estava “irredutível” em relação às novas tarifas, que entraram em vigor nesta segunda. Se a Câmara aprovar um decreto legislativo, o texto não vai à sanção do Palácio do Buriti e só pode ser derrubado na Justiça.
“Não estamos descumprindo nenhuma disposição legal e, se isso acontecer, iremos questionar a medida da Câmara”, disse Rollemberg, antecipando que poderá recorrer ao Judiciário para manter os reajustes.
O vice-presidente da Câmara, Wellington Luiz (PMDB), e os deputados Raimundo Ribeiro (PPS) e Wasny de Roure (PT) deixaram a reunião antes do fim, por volta das 21h30, porque discordaram do andamento das discussões. O presidente da Casa, Joe Valle (PDT), Julio Cesar(PR) e Chico Leite (PT) continuaram a portas fechadas com o governador até as 22h.
Após a reunião, deputados afirmaram que a Câmara Legislativa se dispôs a oferecer pelo menos R$ 50 milhões de “sobras orçamentárias” para bancar o sistema, caso Rollemberg revogasse o reajuste por completo. Outra sugestão foi de que o GDF supendesse a medida por 15 dias, para que os deputados discutissem alternativas de subsídio do sistema.
“Ele está irredutível, não aceitou nenhuma sugestão, o que nos obriga a convocar a sessão extraordinária para tentar barrar esse ajuste”, disse Luiz ao deixar o encontro. Joe Valle deixou o Palácio do Buriti pela garagem e não deu declarações à imprensa.
Protestos
No fim da tarde, estudantes e membros de movimentos sociais contrários à alta das passagens protestaram na rodoviária do Plano Piloto. Por volta das 18h20, eles chegaram a bloquear o trânsito no Eixo Monumental, sentido rodoviária-Esplanada. O protesto foi encerrado por volta das 20h15, depois que o grupo pichou vidros e espalhou faixas na fachada do posto do DFTrans no terminal.
Os manifestantes gritavam palavras de ordem contra o governador Rodrigo Rollemberg, contra o aumento nas tarifas e contra o bloqueio montado pela polícia. Às 20h, a PM liberou o acesso do grupo. Comerciantes correram para fechar as lojas, que temiam ser alvos de vandalismo.
Por causa das interdições de trânsito, ônibus que embarcariam passageiros não conseguiram acessar as baias internas da rodoviária. Com isso, não havia filas no espaço ocupado pelos manifestantes no início da noite. Não houve detidos ou feridos.