Relação público-privada envolve Michelle com “empresas amigas”, diz revista

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Documentos obtidos pela revista eletrônica Crusoé mostram que a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, agiu para favorecer empresas amigas e adeptas do bolsonarismo no auge da pandemia da Covid

 

Empréstimos foram liberados pela Caixa depois que ela falou com o presidente do banco, Pedro Guimarães, e enviou e-mails com uma lista de indicados. Um privilégio, é claro, bem distante da maioria dos brasileiros.

“Não é algo trivial. Primeiro, porque ao interceder em favor de um grupo de empresas amigas, a primeira-dama atropelou princípios elementares da administração pública, como o da impessoalidade – as firmas que ganharam a bênção, por óbvio, passaram a ter um tratamento diferenciado, enquanto a grande maioria, distante da cúpula do poder, penava para ser incluída entre os beneficiários do auxílio. Segundo, porque a tramitação dos processos se deu em desacordo com os fluxos normais das operações de crédito do banco.”

Segundo a reportagem, no primeiro semestre do ano passado empresários estavam em choque com os reflexos da Covid-19 na economia.

Para dar uma mão, o governo federal liberou recursos a juros mais baixos nas condições de pagamento. Mas os benefícios geraram cimeira, principalmente, nas empresas que era menos próximas dos palácios do Planalto e da Alvorada.

“No primeiro semestre do ano passado, quando pequenos empresários já começavam a sentir o bafo da pandemia de Covid-19 sobre seus negócios, impactados pelas medidas de isolamento social, o governo federal lançou um programa emergencial que prometia distribuir alguns bilhões de reais a juros baixos e em condições facilitadas. Era uma maneira de ajudá-los a enfrentar o mau momento sem ter que demitir funcionários ou mesmo fechar definitivamente as portas. Logo começaram a aparecer queixas de todos os lados – nem todos os que precisavam conseguiam, de fato, acesso ao crédito. Em Brasília, porém, havia um atalho bastante privilegiado, disponível apenas para alguns”, traz a reportagem.

A Caixa chegou a abrir uma apuração interna. Veja documento obtido pela revista Crusoé:

E-mail enviado para a Caixa cita Michelle Bolsonaro

O esquema funcionava em uma agência de Taguatinga, cidade vizinha a Brasília. A equipe de Pedro Guimarães encaminhava as demandas de Michelle para lá. Quase todos os pedidos foram atendidos e foram enquadrados no Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), que havia sido lançada recentemente pelo governo.

Waldemar Caetano Filho, sócio do salão Luiza Coiffeur junto de sua esposa, recebeu benefícios do banco. Para variar, ele também é bolsonarista. “Votei nele. Eu sou mais ele (para 2022) do que os outros candidatos que estão sendo cogitados. A gente não tem visto falar de corrupção, deu uma parada. A gente não ouve falar mais”. Rodrigo Resende, dono de uma tradicional floricultura em Brasília, também foi agraciado com os favores.

Entre os amigos beneficiados pela lista da primeira-dama está a doceira Maria Amélia Campos. Ela é dona de uma rede de confeitarias em Brasília e é bolsonarista. Além de conseguir um empréstimo de R$ 518 mil, ainda conseguiu um favor para um casal de amigos.

A Derela Modas, boutique de roupas femininas, foi uma das que mais apareceu na lista de Michelle. A empresa costuma ser divulgada pela primeira-dama e por Heloísa Bolsonaro, esposa de Eduardo.

O grupo forma um círculo que tem proximidade com o clã Bolsonaro e tem ligações entre si. O florista Rodrigo Resende é amigo da doceira Maria Amélia, que é amiga dos donos da Luiza Coiffeur. Mariana Barros, dona da Derela, é familiar de Márcia Barros de Matos, dona de uma rede de óticas na cidade. A última conseguiu dois empréstimos que totalizam R$ 618 mil.

 

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