Reguffe desafia polarização e mira 2026 pelo centro

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Foto: Partido Solidariedade-DF

Ex-senador se coloca como alternativa ao extremismo, critica base governista e projeta futuro político com cautela

 

Por Josiel Ferreira

A federação entre os partidos Solidariedade e PRD (Partido da Renovação Democrática), oficializada na última quarta-feira (25) na Câmara dos Deputados, marca mais que uma aliança pragmática: revela a tentativa de construir uma terceira via em meio à crônica polarização da política brasileira. Com uma bancada de dez deputados federais (cinco de cada legenda), o grupo se apresenta como um sopro de moderação em um ambiente tomado por extremos — ao menos no discurso.

Quem deu o tom dessa proposta foi o ex-senador José Antônio Machado Reguffe (Solidariedade), que tem se colocado como voz dissonante da radicalização que domina o atual cenário. Em sua fala, Reguffe criticou abertamente a dicotomia que reduz o debate político brasileiro a um cabo de guerra entre lulismo e bolsonarismo. “A federação veio pra isso, oferecer ao Brasil uma alternativa de centro longe dos extremos e longe dessa polarização política que nós temos no Brasil”, defendeu.

Ainda que a viabilidade eleitoral dessa “alternativa de centro” seja incerta, Reguffe demonstrou firmeza em sua proposta. Ao se colocar à disposição do partido para disputar a Presidência da República em 2026, mesmo admitindo não ter grandes chances, o ex-senador reforça uma mensagem simbólica: sua candidatura seria, antes de tudo, um gesto político — um contraponto ético e programático aos dois polos que, em sua avaliação, dominam e empobrecem o debate nacional.

Como possível plano B, ele cogita disputar uma vaga na Câmara dos Deputados pelo Distrito Federal. A decisão, no entanto, só será anunciada após uma bateria de exames médicos, cuja conclusão está prevista para agosto. A partir daí, Reguffe promete sentar com lideranças do PRD-DF, partido com o qual afirma ter ótima relação, para discutir nominatas e estratégias locais.

Se, por um lado, Reguffe quer construir pontes com partidos com os quais mantém diálogo, como o Podemos, por outro, deixou claro que não admite a adesão do Solidariedade à base do governo Lula — uma posição que expõe o racha interno que pode surgir na federação. “Fiz questão de dizer isso ao ser convidado: eu não aceito o partido na base do governo. A federação não estará com nenhum desses polos da polarização”, cravou.

O ex-senador também apresentou vislumbres de um projeto nacional, voltado à educação e ao desenvolvimento, citando países como Coreia do Sul e Singapura como modelos a serem considerados pelo Brasil. “É preciso pensar o país com visão de longo prazo, como fizeram os tigres asiáticos ao priorizarem a educação”, afirmou.

Quanto às eleições locais, Reguffe foi cauteloso. Disse que ainda não houve discussão sobre o cenário do Distrito Federal, mas que o momento, segundo ele, é de organização interna da federação e definição de prioridades. “Depois da primeira semana de agosto, a gente vai se reunir, inclusive com o PRD. O caminho é o do diálogo”, concluiu.

Opinião
Reguffe ressurge como uma figura solitária, mas coerente, no campo político — disposto a levantar uma bandeira que, embora hoje pareça desbotada pelo pragmatismo eleitoral, ainda pode encontrar eco em uma parcela do eleitorado cansada do embate binário que emperra o avanço institucional. Seu discurso é um apelo à racionalidade política, algo cada vez mais raro no cenário atual. Ainda que com chances remotas, sua disposição de ocupar esse espaço do centro é um gesto político que merece ser observado — e, talvez, levado a sério.

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