O crime identificado agora pelo Fisco é semelhante ao que levou o bolsonarista a ser condenado em segunda instância em 2003.
A Receita Federal descobriu mais uma sonegação de contribuição previdenciária por parte do empresário e ferrenho apoiador do presidente Jair Bolsonaro Luciano Hang. A fraude encontrada foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo e, segundo a matéria, ele ocultou R$ 2,5 milhões.
Hang teria deixado de declarar e de recolher devidamente a “contribuição previdenciária patronal”, a “contribuição destinada a terceiros” (Sesc, Senac, Sebrae, Incra e FNDE), os “incidentes sobre a rubrica de folha de pagamento aviso prévio indenizado” dos funcionários e até a contribuição empresarial por patrocínio a time de futebol de Brusque (SC).
O crime identificado agora pelo Fisco é semelhante ao que levou o bolsonarista a ser condenado em segunda instância em 2003. Ele pagou o que devia à época e a pena foi suspensa. O caso mais recente de sonegação está no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. (Carf).
Entre contribuições e multas, a Receita cobra da Havan pouco mais de R$ 1 milhão. Como o processo é de 2013, o crédito tributário, em valores corrigidos, chega a quase R$ 2,5 milhões. Em resposta ao jornal, o departamento jurídico da Havan disse que “a denúncia é velha” e “sequer foi aceita, por inépcia”.
Carf
O Conselho foi um dos motivos das desavenças entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, que agora acusa o ex-aliado de interferência na Polícia Federal.
Ao aprovar sem vetos a MP 899/19, a atual gestão permitiu mudanças radicais na atuação do Carf. Pela nova lei, em caso de empate nos julgamentos dos processos, a decisão será automaticamente favorável aos contribuintes.
Com essa medida, o presidente acabou com o chamado “voto de qualidade”, que permite ao presidente de cada turma do Carf, sempre um representante da Fazenda Nacional, desempatar os julgamentos.
Moro chegou a apresentar levantamento da Receita avisando que 14 processos da Lava Jato terminaram com decisão a favor da Fazenda por voto de qualidade, no total de R$ 1,09 bilhão. Na fila, haviam outros processos com decisões de primeira instância desfavoráveis aos contribuintes em R$ 11 bilhões e que ainda poderiam ser julgados pelo Carf e impactados pela mudança. Técnicos da Receita Federal ficaram indignados. Segundo eles, o fim desse voto de qualidade pode atrapalhar até mesmo investigações da Lava-Jato e comprometer a arrecadação. (Correioweb)