Reajuste salarial no topo: A conta que o contribuinte paga

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Lula e Alckmin com todos os ministros empossados no dia 1º de janeiro de 2023 • Ricardo Stuckert/Divulgação

Com reajuste acima da inflação, salários da cúpula dos Três Poderes sobem até 50%, enquanto o impacto fiscal segue sem transparência

 

 

A partir deste sábado, 1º de fevereiro, os salários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin, de ministros do Executivo, dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), dos 594 deputados federais e senadores, além do procurador-geral da República, Paulo Gonet, sofrerão um novo reajuste, elevando os vencimentos para R$ 46.366,19. O aumento de 5,4% corresponde à última etapa de um reajuste escalonado aprovado ainda no governo anterior, em 2022.

Embora o novo valor represente o teto do funcionalismo público, na prática, há servidores que ultrapassam esse limite graças a uma série de auxílios e gratificações. Antes do reajuste, os contracheques dessas autoridades já eram de R$ 44.008,52.

O aumento foi aprovado em meio à transição entre Bolsonaro e Lula, com pouca discussão no Congresso e em um período estratégico: o final do ano, quando a atenção da sociedade se volta para as festividades. Apenas os partidos PSOL e Novo se opuseram ao reajuste. A medida prevê aumentos escalonados em quatro etapas: janeiro e abril de 2023, fevereiro de 2024 e fevereiro de 2025. Com isso, em apenas dois anos, os salários da cúpula dos Três Poderes terão subido entre 18% e 50%, bem acima da inflação do período, que foi de 10,4%.

O impacto do reajuste no orçamento público ainda não foi detalhado pelo Ministério da Gestão e Inovação. Até o momento, a pasta não divulgou os números exatos, alegando estar levantando os dados. Em 2022, o Congresso estimou que, até 2025, a conta do reajuste chegaria a R$ 25 milhões, sendo R$ 20,2 milhões para a Câmara dos Deputados, R$ 3,5 milhões para o Senado e R$ 1,3 milhão para o Executivo.

Outro efeito do aumento será a redução do número de servidores atingidos pelo abate-teto, mecanismo que impede remunerações acima do limite estabelecido pelo STF. Com os novos valores, a quantidade de funcionários sujeitos a esse corte deve cair pela metade.

Em meio a desafios fiscais e à necessidade de investimentos em áreas essenciais, como saúde e educação, o reajuste para os altos escalões reforça a desconexão entre a realidade da população e as prioridades do poder. Enquanto milhões de brasileiros lutam para equilibrar contas e enfrentar um mercado de trabalho instável, a elite do funcionalismo segue garantindo seus aumentos – sempre com o aval silencioso do Congresso.

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