O ministro Luiz Eduardo Ramos, da Casa Civil, afirmou nesta terça-feira, durante reunião do Conselho de Saúde Suplementar, que tomou “escondido” a vacina contra a Covid-19 e que tenta convencer o presidente Jair Bolsonaro a se vacinar também. A declaração foi divulgada pela rádio CBN.
Na mesma reunião, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que os chineses “inventaram” o coronavírus, e que a vacina do país para impedir o avanço da doença é “menos efetiva” do que o imunizante da Pfizer, dos Estados Unidos — o próprio Guedes já foi vacinado, com a CoronaVac, de origem chinesa.

Os ministros não sabiam que a reunião do conselho estava sendo gravada e transmitida por redes sociais. Quando foi informado, Guedes disse: “Não mandem para o ar”. Após a reunião, o Ministério da Saúde retirou o vídeo da página da rede social da pasta.
Desde o início da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro já questionou várias vezes a necessidade de vacinação. Afirmou que a vacinação não poderia ser obrigatória, a fim de se preservar o direito individual de escolha. Também criticou e chegou a rejeitar a compra da CoronaVac, atualmente a vacina que responde pela maioria das imunizações dos brasileiros já vacinados. Recentemente, Bolsonaro disse que seria o “último da fila” da vacina — que poderia tomar depois que todos estivessem imunizados.
Líderes de outros países, como Joe Biden (Estados Unidos), Benjamin Netanyahu (Israel) e Alberto Fernández (Argentina), foram vacinados em eventos públicos, como forma de estimular a população a fazer o mesmo.
Para Ramos, o comportamento do presidente representa um risco.
“Estou envolvido pessoalmente, tentando convencer o nosso presidente, independente de todos os posicionamentos. E nós não podemos perder o presidente para um vírus desse. A vida dele no momento corre risco. Ele tem 65 anos”, afirmou o ministro.
Como exemplo do risco, Ramos mencionou um oficial de 38 anos com quem trabalhava e que, segundo ele, morreu de Covid.
“Eu já me vacinei, o Guedes também. E tenho tentado convencer o presidente de que essa cepa — eu tive Covid em outubro do ano passado — ela é uma variante muito violenta que está ceifando vidas e próximas da gente. Na outra leva, isso não acontecia. Eu tenho um coronel que trabalha comigo na reserva, coronel, um homem de 38 anos, saudável, fazia maratona, tudo. Pegou Covid e em dez dias morreu”, disse.