Racha no PT: Deputados contestam corte de gastos do governo

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Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante comício com o candidato à prefeitura de Camaçari, Luiz Caetano. Camaçari - BA. Foto: Ricardo Stuckert

Deputados do PT ameaçam votar contra cortes propostos pelo governo Lula, criticando mudanças no BPC e limitações ao reajuste do salário mínimo

 

 

A proposta de corte de gastos enviada pelo governo ao Congresso expôs rachaduras na base aliada, especialmente entre os próprios deputados do Partido dos Trabalhadores (PT). Com críticas diretas ao pacote, parlamentares da legenda indicam que podem se aliar à oposição para barrar algumas medidas consideradas prejudiciais aos eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O principal ponto de atrito é a reformulação do Benefício de Prestação Continuada (BPC), que atende pessoas em situação de vulnerabilidade. O Ministério da Fazenda propôs unificar o pagamento para dois beneficiários da mesma residência, o que, segundo deputados petistas, reduziria drasticamente o alcance do programa. Parlamentares do partido defendem a manutenção dos pagamentos individuais, argumentando que a mudança prejudica justamente a base eleitoral que garantiu a vitória de Lula, especialmente no Nordeste.

Outro tema sensível é o reajuste do salário mínimo. Embora o governo proponha manter aumentos reais, a proposta atrela o reajuste ao arcabouço fiscal, limitando o crescimento a 2,5%. O PT insiste em uma fórmula que considere o INPC e o crescimento do PIB, o que permitiria ganhos mais expressivos para os trabalhadores.

A insatisfação não é apenas técnica, mas também estratégica. Um parlamentar, sob anonimato, classificou o pacote como “frouxo” e alertou para o risco de alienar eleitores essenciais para uma eventual reeleição de Lula em 2026. “O governo está jogando contra sua própria estratégia política”, afirmou.

A crescente tensão entre o Planalto e sua base parlamentar é vista como um prenúncio de dificuldades maiores no horizonte. Caso as demandas do PT não sejam atendidas, o governo pode enfrentar um revés significativo, não apenas nas votações no Congresso, mas também na relação com seu eleitorado, já fragilizado por outras decisões impopulares.

Essa crise interna ressalta os desafios do governo Lula em equilibrar a necessidade de ajuste fiscal com a manutenção das políticas sociais que são o pilar de seu projeto político. O descontentamento crescente na base petista pode ser o primeiro sinal de um cenário de traições e divisões que dificultará ainda mais a governabilidade no restante do mandato.

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