Quem espera por tempo ruim é lajedo

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Arte: Divulgação

Por Miguel Lucena

A noite envolvia o horizonte em sombras cúmplices. Sem passaporte e com o nome circulando em listas discretas, restava o silêncio das trilhas esquecidas. O vento cortante do Sul oferecia refúgio nas serras, mas também denunciava passos apressados. Ao Norte, a selva densa prometia anonimato, embora cada galho quebrado pudesse ecoar como um alarme.

A escolha entre embaixadas vigiadas ou caminhos clandestinos pairava como sentença. As luzes distantes da fronteira eram tanto esperança quanto risco. Cruzá-la sob o manto da escuridão exigia mais do que coragem: era preciso desaparecer entre folhas e pedras, sem rastros, sem som. O relógio da liberdade pulsava no peito, acelerando cada decisão.

No fundo, a fuga não era apenas geográfica. Era o peso da queda, a consciência do nome outrora aplaudido agora murmurado em tons de escândalo. Seguir pelo Sul ou arriscar-se no Norte? A resposta se dissolvia na névoa da madrugada, onde cada passo poderia ser o último — ou o primeiro de uma nova história. Afinal, como diz o ditado, quem espera por tempo ruim é lajedo.

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