Queimadas em 2024 no Brasil aumentam 90%, com maior impacto na Amazônia e no Cerrado, comprometendo o equilíbrio ambiental
Os números alarmantes divulgados nesta segunda-feira (16) pelo Monitor do Fogo, criado pelo MapBiomas, expõem uma realidade devastadora: as queimadas no Brasil entre janeiro e novembro de 2024 quase dobraram em comparação com o mesmo período de 2023. Em um cenário de total de 29,7 milhões de hectares consumidos pelo fogo, o aumento de 90% em relação ao ano passado marca o pior índice dos últimos seis anos, com 14 milhões de hectares a mais queimados. Para se ter uma ideia, isso corresponde a uma área equivalente ao estado do Amapá.
A devastação afeta principalmente a Amazônia e o Cerrado, biomas cruciais para o equilíbrio climático global. A Amazônia, sozinha, responde por 57% das queimadas, o que equivale a 16,9 milhões de hectares. O dado mais preocupante é que, dos 7,6 milhões de hectares queimados nas florestas amazônicas, muitas são florestas alagáveis, com ecossistemas essenciais para a regulação do ciclo hidrológico e a biodiversidade local. A queimada em áreas de pastagem somou 5,59 milhões de hectares, o que revela a forte pressão da expansão agropecuária, mas também do desmatamento ilegal.
O Cerrado, que ocupa a segunda posição no ranking de queimadas, teve 9,6 milhões de hectares consumidos pelo fogo. O dado revela um crescimento alarmante: cerca de 85% dessas queimadas ocorreram em vegetação nativa, o que representa um aumento de 47% em relação à média dos últimos cinco anos. O bioma, que abriga uma enorme diversidade de espécies e regula o regime de chuvas em grande parte do Brasil, sofre com os efeitos do avanço descontrolado das queimadas.
Outros biomas também apresentam índices preocupantes, como a Mata Atlântica, com 1 milhão de hectares queimados, sendo a maior parte em áreas agropecuárias, e a Caatinga, com 297 mil hectares destruídos, uma redução significativa de 49% em relação a 2023, mas ainda assim, um número que não pode ser ignorado.
A situação é um reflexo claro da falta de políticas públicas eficazes no combate ao fogo e à preservação dos biomas brasileiros. As queimadas não são apenas um problema ambiental local; elas têm um impacto direto no clima global, na biodiversidade e na saúde dos povos que dependem diretamente dos recursos naturais dessas regiões. O aumento exponencial das queimadas em 2024 é um alerta urgente para que as autoridades intensifiquem os esforços para combater o desmatamento, reforçando a fiscalização e promovendo alternativas sustentáveis para os produtores rurais.
Sem uma mudança significativa nas políticas ambientais e no comprometimento com a preservação dos biomas, o Brasil poderá enfrentar consequências ainda mais graves para o meio ambiente e a sociedade nos próximos anos. O país precisa urgentemente de um compromisso real com o futuro do planeta.