Esse avanço é apenas o começo de uma jornada que pode, um dia, levar a modalidade ao maior palco do esporte mundial: os Jogos Olímpicos
Por Simone Salles
A International Mind Sports Association (IMSA – Associação Internacional de Esportes da Mente) reconheceu oficialmente o poker como esporte da mente. O anúncio foi feito durante evento organizado pela WPF, em São Paulo, o Brazilian Series of Poker (BSOP) Millions 2024, maior torneio de pôquer da América Latina. A decisão é considerada histórica para a World Poker Federation (WPF – Federação Mundial de Pôquer), que liderou os esforços por esse reconhecimento global, que posiciona o poker ao lado de outros esportes intelectuais, como xadrez, bridge, damas e go.
O próximo passo da Federação Internacional de Poker (IFP) é buscar a entrada na SportAccord, entidade que reúne 150 federações esportivas globais e atua para unificar o mundo dos esportes. Esse avanço pode abrir caminho para que o poker seja, no futuro, considerado um esporte olímpico.
De acordo com as regras do Comitê Olímpico Internacional (COI), para que uma modalidade seja aceita como esporte olímpico, ela precisa ser praticada por homens em pelo menos 75 países de cinco continentes e por mulheres em 40 países de três continentes. A inclusão na SportAccord seria um passo decisivo para ampliar a visibilidade do pôquer como esporte intelectual.
A nomenclatura “esportes da mente” é atribuída a atividades que demandam alto nível de habilidade intelectual, como raciocínio lógico, tomada de decisões rápidas e estratégias complexas.
Impacto na regulamentação
O reconhecimento pela IMSA impulsiona a regulamentação do poker em diversas regiões e facilita sua integração em eventos esportivos internacionais. Também fortalece a imagem da modalidade como esporte legítimo, reduz preconceitos e atrai investidores. Para a WPF, essa legitimação é um marco que estimula novos mercados e expande a base de jogadores.
“A partir de agora, os jogadores de poker podem ser reconhecidos como atletas mentais, com direitos semelhantes aos de esportistas de outras modalidades. Isso incentiva novos talentos e cria trajetórias profissionais mais robustas,” destaca Igor “Federal” Trafane, presidente da WPF.
Papel do Brasil
O Brasil, onde aproximadamente 10 milhões de pessoas já jogaram poker, tem sido uma peça-chave nessa expansão. A Confederação Brasileira de Texas Hold’em (CBTH), entidade máxima no país, desempenhou um papel fundamental na popularização e regulamentação do esporte em todo território brasileiro, hoje uma paixão nacional. Com 23 federações estaduais afiliadas, o Brasil é considerado uma liderança global no pôquer esportivo, referência em organização e em competitividade.
Lucas Arouck participa, no momento, do BSOP Millions 2024 – com uma premiação recorde de 60 milhões de reais. Em sua avaliação,“o reconhecimento oficial do pôquer como um esporte da mente concede àqueles que se dedicam à atividade um outro reconhecimento muito importante: pelo trabalho, pela dedicação e disciplina intelectual. Enfim, caminhamos rumo ao respeito como uma profissão legítima”. E conclui, “nunca foi um jogo de azar, sempre exigiu preparo para participação, estratégias lógicas e concentração”.