No data was found

Queiroga muda versões para “blindar” Bolsonaro, dizem senadores

Compartilhar:
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
[views count="1" print= "0"]
[tta_listen_btn listen_text="Ouvir" pause_text="Pause" resume_text="Retomar" replay_text="Ouvir" start_text="Iniciar" stop_text="Parar"]

 

Após oito horas de depoimento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, à CPI da Covid nesta terça-feira (8), senadores apontaram inflexão na posição do ministro sobre o uso da cloroquina para o combate ao coronavírus; mudança de versão em relação à nomeação da médica Luana Araújo como secretária; falta de autonomia à frente do Ministério da Saúde; tentativa de “blindar” o presidente Jair Bolsonaro, se esquivando de criticá-lo por contrariar recomendações da própria pasta em relação a isolamento social e uso de máscara.

O vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), avalia que a participação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na comissão ocorreu sob “sério constrangimento” nesta terça-feira, 8.

Segundo o senador, Queiroga utilizou-se de todos os meios para proteger o presidente da República. “Lamentavelmente não existe autonomia no Ministério da Saúde”, completou.

O ministro da Saúde depôs pela segunda vez à CPI. Ele deu um primeiro depoimento à comissão em 6 de maio. Mas foi novamente convocado porque as declarações que deu foram consideradas pouco assertivas e contraditórias.

Senadores também avaliaram que fatos novos justificavam um novo depoimento, entre os quais a realização da Copa América no Brasil e o veto à nomeação de Luana Araújo como secretária de Enfrentamento à Covid-19.

Cloroquina

Os congressistas ainda queriam insistir na avaliação de Queiroga sobre o uso da cloroquina no tratamento à Covid-19, cuja ineficácia já foi cientificamente comprovada.

No depoimento em maio, o ministro disse que não iria se manifestar a respeito pelo fato de o uso do medicamento estar sob análise da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde), vinculada ao Ministério da Saúde.

Nesta terça, porém, Queiroga admitiu que a cloroquina não teve a eficácia cientificamente comprovada no combate ao coronavírus.

“Essas medicações não têm eficácia comprovada — não têm eficácia comprovada”, reiterou.

O ministro também foi bastante enfático ao responder um questionamento do relator da CPI, senador Renan Calheiro (MDB-AL), sobre a utilização de cloroquina e ivermectina para combater a Covid-19. “Senador, eu já respondi a Vossa Excelência, essas medicações não têm eficácia comprovada. Não têm eficácia comprovada”, exclamou Queiroga na ocasião.

Além disso, o chefe da Saúde defendeu a realização da Copa América no Brasil, mas ressaltou que não compete à pasta tomar essa decisão.

Ainda no depoimento, Marcelo Queiroga diz que não é “censor” de Bolsonaro e que não é o Ministério da Saúde que deve julgar o presidente por ele não usar máscara. Também segundo o ministro, toda a população brasileiro acima de 18 anos deve estar totalmente vacinada até dezembro deste ano.

Após a sessão, o médico foi questionado pela reportagem da CNN se voltaria à CPI caso uma acareação fosse aprovada, mas ele evitou responder.

“Como médico, eu entendo que essas discussões são laterais e nada contribuem para pôr fim ao caráter pandêmico dessa doença. O que vai pôr fim ao caráter pandêmico dessa doença é ampliar a campanha de vacinação”, afirmou, referindo-se aos remédios ivermectina e cloroquina, usados como vermífugo e antimalárico, mas defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro no combate à Covid-19.

Queiroga também disse que os medicamentos dividem a classe médica entre as sociedades científicas, às quais ele se diz vinculado, e médicos que estão na linha de frente e relatam casos de sucesso com o tratamento.

“A mim, como ministro da Saúde, cabe procurar harmonizar esse contexto”, disse.

Apesar da mudança no tom, o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse que o ministro da Saúde “inaugurou uma nova etapa do negacionismo: o neonegacionismo”.

“Finalmente, admitiu a ineficácia da cloroquina, mas continua sem coragem de tirá-la das normas do Ministério da Saúde”, afirmou Calheiros.

Bolsonaro: ‘Comigo ele usa máscara’

Durante a audiência, foi apresentada uma sequência de vídeos do presidente Bolsonaro provocando aglomerações e aparecendo em público sem usar máscara.

Inicialmente, Queiroga disse que Bolsonaro não conversou com ele sobre essas atitudes.

“Eu sou ministro da Saúde, não sou um censor do presidente da República. Eu faço parte de um governo. O presidente da República não é julgado pelo ministro da Saúde. As recomendações sanitárias estão postas. Cabe a todos aderir a essas recomendações”, afirmou (vídeo abaixo).

Mais lidas

Ricardo Vale quer banir energéticos para m...
Saúde promove 2ª Caminhada no Ritmo da Vida
Senac-DF brilha em competição nacional no Rio
...