A Polícia Civil do Distrito Federal faz buscas nesta terça-feira (7) para investigar crimes de tráfico de influência no governo, para favorecer negócios privados. Ao todo, são cumpridos 15 mandados de busca e apreensão na operação “12:26”.
Segundo a polícia, são investigadas irregularidades envolvendo pagamentos ao hospital Home e a mudança de destinação de uma área do Lago Norte para a construção do shopping Iguatemi.
As buscas ocorrem na casa e no local de trabalho dos suspeitos, na Casa Civil do governo do DF, na administração regional do Lago Norte e no escritório do Iguatemi, em São Paulo.
Alvos
Um dos alvos é o assessor especial da Casa Civil Marcello Nóbrega. À época do início das investigações, há três anos, ele era subsecretário de Administração Geral da Secretaria de Saúde. Era ele quem coordenava os pagamentos da pasta. O nome dele foi citado na CPI da Saúde, da Câmara Legislativa.
Outros alvos são Leonardo Rocha de Almeida Abreu (irmão do chefe de Gabinete da Casa Civil, Guilherme Rocha de Almeida Abreu) e o administrador do Lago Norte, Marcos Woortmann.
De acordo com a polícia, há também buscas na casa de pelo menos duas pessoas ligadas ao deputado Rodrigo Delmasso (PRB): um ex-assessor do distrital, Luiz Fernando Messina, e o funcionário do gabinete Hermano Gonçalves de Souza Carvalho, que foi secretário de Desenvolvimento Econômico do governo Agnelo Queiroz (PT).
Lago Norte
Segundo as investigações, representantes do Iguatemi estiveram no Palácio do Buriti em 2016, para ampliar a área de ocupação no Lago Norte. O pedido foi negado em 2017 pela Secretaria de Habitação, com base na Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos). No entanto, uma semana depois, o grupo pediu para que o assunto fosse reconsiderado.
Após uma nova reunião no Buriti, o grupo conseguiu o que queria. No dia seguinte, a polícia monitorou que os empresários acabaram almoçando com o administrador do Lago Norte, Marcos Woortmann.
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Imagens mostram almoço de empresário junto com administrador do Lago Norte (Foto: Reprodução)
Home
Sobre o hospital, as investigações apontam que foi pago R$ 1 milhão “a título indenizatório e sem cobertura contratual” ao Home. A transação ocorreu em setembro de 2015.
De acordo com a polícia, a data demonstra a influência da ação dos servidores, com base em interceptações telefônicas que revelam a “intermediação para que o pagamento fosse efetivado”.
“Salienta-se que durante os diálogos, os interlocutores usam expressões como ‘the comission’ [a comissão] e ‘achar denominador comum’, a demonstrar que vantagens indevidas foram solicitadas.”
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Pagamento ao hospital Home, citado em investigação policial (Foto: Reprodução)
12:26
O nome da operação é uma referência a um trecho do Antigo Testamento. “O homem honesto é cauteloso em suas amizades, mas o caminho dos ímpios os leva a perder-se”, diz.
Fonte: G1