O PIB do Brasil cresceu 3,4% em 2024, marcando o melhor resultado em três anos, apesar da desaceleração no 4º trimestre
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 3,4% em 2024 em relação ao ano anterior, registrando o melhor resultado dos últimos três anos, conforme divulgado nesta sexta-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O PIB atingiu R$ 11,7 trilhões, com uma variação positiva de 0,2% no quarto trimestre em comparação ao terceiro. Apesar do crescimento expressivo no acumulado do ano, o resultado ficou ligeiramente abaixo das projeções do governo e do mercado, que estimavam uma alta de 3,5%.
Desaceleração no último trimestre
Embora o crescimento anual tenha sido robusto, a economia perdeu força no quarto trimestre de 2024, impactada por uma política monetária restritiva e juros em alta, que devem continuar ao longo de 2025. A taxa de crescimento trimestral foi de 0,2%, abaixo da expectativa de 0,5% projetada por economistas consultados pela Reuters.
O PIB per capita chegou a R$ 55.247,45 em 2024, um crescimento real de 3% em relação ao ano anterior.
Consumo das famílias impulsiona crescimento
O principal motor da economia brasileira foi o consumo das famílias, que avançou 4,8% em relação a 2023. Já os investimentos cresceram 7,3%, mas seu peso na composição do PIB é menor. O consumo do governo registrou alta de 1,9%.
Mesmo com o crescimento econômico, o ano foi marcado pela alta da inflação, elevação das taxas de juros e aumento dos gastos públicos. Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, destacou que fatores como programas de transferência de renda, melhoria do mercado de trabalho e juros médios mais baixos impulsionaram o consumo das famílias. O mercado de trabalho encerrou o ano com taxa de desemprego de 6,6%, bem abaixo da média histórica.
Setores da economia: agropecuária em queda
O crescimento do PIB foi sustentado pelos setores de Serviços (3,7%) e Indústria (3,3%), enquanto a Agropecuária teve queda de 3,2%.
Com a demanda doméstica aquecida, as importações de bens e serviços cresceram 14,7% em 2024, superando as exportações, que avançaram 2,9%. A taxa de investimento ficou em 17% do PIB, contra 16,4% em 2023, enquanto a taxa de poupança caiu de 15% para 14,5%.

Expectativas para 2025
Para 2025, o crescimento do PIB deve desacelerar, impactado por pressões inflacionárias e juros elevados. O mercado estima uma expansão de 2,01%, enquanto o governo projeta alta de 2,3%. Já a Ativa Investimentos prevê um crescimento de apenas 1,0%, devido ao aperto fiscal e à redução dos gastos públicos.
O Banco Central já elevou a taxa básica de juros Selic para 13,25% ao ano e indicou um novo aumento de 1 ponto percentual em março. Para Igor Cadilhac, economista do PicPay, há risco de estagnação econômica ou até recessão técnica no segundo semestre, com projeção de crescimento de 1,6% para 2025. Diante desse cenário, os próximos meses serão decisivos para definir os rumos da economia brasileira.
Fonte: IstoÉ Dinheiro