Uma perícia realizada pela Polícia Federal reforça indícios do suposto esquema de exportação ilegal de madeira investigado na operação Akuanduba – que tem entre os alvos o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles
A PF aponta a possibilidade de uso de documentos falsos pelo grupo.
De acordo com os investigadores, os elementos indicam a ocorrência de uma “lavagem” de produtos florestais. Em outras palavras, uma tentativa de “legalizar” materiais extraídos de forma ilegal com a utilização de documentos expedidos oito meses após a exploração das áreas.
A perícia criminal da PF foi realizada a partir de informações levantadas pelo Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos da América – órgão equivalente ao Ibama.
Esses dados tratam de “possível grave esquema de conluio entre agentes públicos brasileiros e particulares” no Brasil e nos Estados Unidos para legalizar madeiras brasileiras, de origem ilegal, retidas em portos norte-americanos.
A PF afirma que a análise criminal “demonstrou que a origem dos produtos florestais que foram exportados por meio do contêiner TCNU7091944 apresentou DOFs [Documento de Origem Florestal] emitidos mais de oito meses após o final dos sinais de exploração florestal detectados em imagens de satélite”, escreveu o delegado Franco Perazzoni.
Segundo o delegado, essa emissão “é bastante inusual e reforça a possibilidade de ‘lavagem’ de produtos florestais de outras áreas a partir de documentos emitidos por essa origem”.
A análise da PF consta em um pedido da corporação para que as investigações da Akuanduba tenham continuidade na Justiça Federal do Pará. Ao deixar o Ministério do Meio Ambiente, Ricardo Salles perdeu o foro privilegiado que levou a apuração a tramitar no Supremo Tribunal Federal.