Os índios e os tecidos da vida

Compartilhar:
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram

                                                                                                                                

Por José Gadêlha Loureiro

               

Talvez quando tenhamos destruídos os últimos rios, derrubadas as últimas árvores e envenenados os últimos peixes – aí nos daremos conta de que a teia da vida vai além da posse da natureza pelo capital. Mahatma Gand – o poeta da não violência, – alertava-nos que o Criador legou à Mãe Natureza – para atender as necessidades de toda humanidade; jamais a ganâncias de alguns.

 

O capital, porém, movido pelo espírito de Thanathus (o deus da morte, em grego) se arvorou no direito de medir o mundo pela régua mercantil, – transformando a vida em escrava do vil metal! E o ser humano deixou de ser; e sua medida, passou ao ter. Tudo está mensurado pelo dinheiro: do mais nobre sentimento – o amor –, como dizia Marx – à dignidade humana.

 

Para Darcy Ribeiro – um dos grandes intérpretes do Brasil e da questão indígena – “(…) é o caráter capitalista do sistema econômico vigente e a ordenação sócio-política a ele correspondente que lança a sociedade nacional contra as etnias tribais”. O capitalismo arrasa tudo, mas fundamentalmente imprime um profundo processo de destruição e desenraizamento junto aos povos originários.

 

O mundo de hoje rompeu a teia de significados da vida. Entretanto, mede-se o valor de uma civilização pela maneira como trata as outras culturas, segundo nosso poeta Carlos Drumond de Andrade.  No caso do Brasil – vemos os horrores destinados aos nossos irmãos índios. Invasões de terras; contaminação de rios; destruição de sua fauna e flora… Hipocrisia, para quem se autointitula civilização cristão!

 

Há mais de 500 anos, os índios resistem contras as elites dominantes, escrevendo sua história marcada com sangue, suor e lágrimas. E em cartas às autoridades nacionais, destacam: “Não podemos ser passivos, nem muito menos coniventes, com a conjuntura atual de tentativa de destituição de nossos direitos que foram assegurados constitucionalmente em 1988. Quantos anos de luta e de exploração, extorsão, expropriação e assassinatos nossos povos originários já sofrem. É inadmissível que após 500 anos de colonização, continuemos sendo tratados como meros empecilhos aos interesses de grupos políticos e econômicos de povos que invadiram nossas terras”

 

E pela boca do poeta Gonçalves Dias, a memória luta contra o esquecimento.

             

“(…) Assim o Timbira, coberto de glória//Guardava a memória//Do moço guerreiro//do velho Tupi//E à noite nas tabas// se alguém duvidava//Do que ele contava//Tornava prudente: “Meninos, eu vi!”(…)”.

 

 

Devemos aprender com as etnias Yanomamis um exemplo de tecnologia social; hoje tão na moda!  Não somos superiores; ao contrário, fazemos parte de um grande tecido – chamados de filhas e filhos da Mãe Natureza – seja água, plantas, animais e seres visíveis e invisíveis. Àquelas e àqueles a quem São Francisco chamava-os de irmãs e irmãos. Assim pensam, vivem e conservam a Floresta Amazônia há dez mil anos, as tribos Yanomamis.

            

À guisa de conclusão, a quem se destina o conceito de povo civilizado?

                             

 

     

Siga-nos – Instagran: @prof.gadelhadf

 

*José Gadêlha Loureiro, professor de História e Secretário Geral da ADEEP-DF (Associação de Diretores e Ex-diretores das Escolas Públicas da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal).

Mais lidas

Os índios e os tecidos da vida
Restaurant Week celebra 65 anos de Brasíli...
Filmes selecionados para o Fica 2025 serão...
...