Por Miguel Lucena
Ao ver Lara Souza, 29 anos, mobilizando forças e corações pelo resgate do marido Thiago Ávila, senti-me atravessado por uma memória antiga. Aquela jovem firme e altiva, hoje no centro de uma luta internacional, já foi uma menininha de cabelos revoltos, brincando com meu filho Lucas Vicente no quintal da escola Vivendo e Aprendendo, na Asa Norte.
Thiago, ativista brasiliense de 38 anos, estava a bordo do Madleen com outros 11 voluntários, levando ajuda humanitária à população civil da Faixa de Gaza, quando o barco foi interceptado por forças israelenses. Em meio ao barulho das bombas e ao silêncio das diplomacias, Lara ergueu sua voz com a força de quem não aceita a injustiça nem o desaparecimento de seu amor.
A luta dela transcende o afeto conjugal. É também um grito pela humanidade que resiste entre os escombros. Orgulho é pouco. Lara é esperança teimosa num mundo que ainda insiste em mirar inocentes.