Confira as perspectivas de contratação e as expectativas atuais do mercado de trabalho para os próximos 6 meses
Por Simone Salles
A pesquisa mais recente do Índice de Confiança Robert Half (ICRH) revelou que a dificuldade em contratar talentos qualificados tem sido um obstáculo crescente para as empresas: 84% relatam desafios na contratação. Entre os responsáveis pelo recrutamento, 67% acreditam que o cenário permanecerá o mesmo neste ano, nos próximos seis meses, enquanto 28% projetam que os desafios para encontrar talentos devem se intensificar.
Para os profissionais, o momento atual apresenta oportunidades. O levantamento destaca que áreas como tecnologia, finanças e engenharia continuam em alta e que a demanda por serviços de informação e comunicação cresceu em 2025, reforçando a necessidade de especialização contínua. Aqueles que demonstram habilidades de liderança, adaptabilidade, domínio de ferramentas digitais e conhecimento de idiomas têm maior vantagem competitiva na busca por novas oportunidades.
O mercado de trabalho para esses profissionais qualificados tem mostrado sinais de recuperação, com um aumento na confiança em relação ao cenário atual, de 39,9 para 45,4 no futuro. A pesquisa também aponta uma melhora nas expectativas, embora o indicador ainda permaneça abaixo dos 50 pontos, sugerindo uma confiança relativamente baixa quando se trata da perspectiva para os próximos seis meses.
A melhora no índice foi impulsionada principalmente pela categoria de profissionais empregados, que demonstram uma percepção mais positiva em relação ao mercado. Já entre os profissionais desempregados, a confiança segue em patamares mais baixos, refletindo dificuldades contínuas na recolocação. O estudo aponta que, no terceiro trimestre do ano passado, a taxa de desemprego atingiu o menor nível da série histórica, 6,4% para a população geral e 3% entre profissionais qualificados, o que sugere uma maior absorção desse grupo pelo mercado.
Apesar desses indícios positivos, a pesquisa ressalta que as incertezas fiscais, a manutenção da alta taxa de juros e a valorização do dólar continuam a pressionar as expectativas econômicas. Esses fatores dificultam uma recuperação mais acelerada da confiança no mercado de trabalho.
Com o desemprego em queda entre profissionais qualificados, as empresas enfrentam um cenário de escassez de talentos, o que torna a atração e retenção de profissionais um desafio estratégico. O estudo também indica que empresas que investem em benefícios diferenciados e planos de desenvolvimento profissional apresentam maior sucesso na retenção de seus talentos. Além disso, há um crescimento na adoção de modelos de trabalho híbrido e remoto como estratégia para aumentar a satisfação dos colaboradores.
Nesse contexto, tanto empresas quanto profissionais devem adotar estratégias proativas. Organizações precisam ser ágeis e criteriosas na contratação, garantindo que novos talentos possuam as competências essenciais para contribuir com os desafios da empresa. Os cinco principais motivos de preocupação para recrutadores neste ano, segundo o estudo, são:
- Imprevisibilidade econômica (56%)
- Dificuldade para preencher as posições em aberto (37%)
- Receio de perder profissionais-chave para outras empresas (35%)
- Salários estagnados (35%)
- Resultados aquém do esperado em 2024 (21%)
Já os profissionais devem investir continuamente em qualificação, alinhando-se às necessidades do mercado para se manterem competitivos e preparados para novas oportunidades.Os principais objetivos para 2025, segundo os entrevistados, incluem:
- Desenvolvimento de habilidades (59%)
- Crescimento financeiro e estabilidade (50%)
- Equilíbrio entre trabalho e vida pessoal (45%)
- Avanço na carreira e promoções (34%)
- Exploração de novas oportunidades de carreira (29%)
A análise sinaliza que o mercado de trabalho qualificado próximo do pleno emprego permite que os colaboradores permaneçam pouco tempo fora do trabalho ou mudem de empresa rapidamente. Entre os desempregados, 34% acreditam que as chances de recolocação aumentarão nos próximos seis meses. Contudo, 31% permanecem pouco otimistas, citando dificuldades relacionadas à idade, preconceito ou discriminação, concorrência acirrada e falta de oportunidades em suas áreas de especialização como os principais desafios.
Esse cenário dinâmico impulsiona a criação de novas vagas. O Guia Salarial Robert Half 2025 revela que 44% das empresas brasileiras planejam abrir posições permanentes, enquanto 32% pretendem expandir contratações temporárias para projetos de até seis meses. As áreas funcionais com maior demanda de contratações são as seguintes:
- Inteligência artificial / Automação / Aprendizado de máquina
- Serviços de TI / Suporte / Operações
- Contabilidade
- Atendimento ao cliente
A demanda por conhecimento em Inteligência Artificial continua aumentando. As habilidades técnicas mais procuradas pelas empresas são:
- Inteligência Artificial / Automação / Aprendizado de Máquina
- Análise de dados
- Idiomas (destaque para o inglês)
- Tecnologia imersiva
Para melhorar a experiência de clientes ou gerenciar tarefas repetitivas, a inteligência artificial está a todo vapor no mercado de trabalho brasileiro. 87% das empresas incentivam o uso ou exploração da usabilidade da IA generativa para tarefas rotineiras a fim de aumentar a produtividade. Os profissionais não hesitam em utilizar o suporte da IA para maximizar a eficiência e a eficácia durante seu dia de trabalho. 47% das pessoas utilizam ferramentas de IA generativa todos os dias ou quase todos os dias de trabalho. A transformação digital exige que os candidatos dominem ferramentas tecnológicas e de inteligência artificial generativa como configurar prompts, interpretar dados e propor soluções inovadoras
Sobre o ICRH
O Índice de Confiança Robert Half (ICRH) é um indicador de difusão que varia de 0 a 100, construído de maneira que os valores acima de 50 pontos indicam confiança de agentes do mercado de trabalho de profissionais com qualificação.
A 30ª edição é resultado de uma pesquisa conduzida nos meses de outubro e novembro de 2024. A sondagem considera a mão de obra qualificada, composta por 1.161 trabalhadores a partir de 25 anos com ensino superior completo. Os entrevistados foram divididos em três categorias: profissionais responsáveis pelo recrutamento nas empresas, profissionais com emprego e profissionais sem emprego.
*Com informações da RPMA Comunicação