O incentivo a projetos de ensino gratuitos e interativos é de suma importância, afirma a Ubes

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Estudantes que se preparam para fazer o Enem, Pas ou Vestibulares podem participar de aulão gratuito de matemática em tempos de Coronavírus.

 

*Por Larissa Azevedo

 

Mesmo em meio às incertezas do cenário de pandemia, alunos de escolas públicas e privadas do DF podem contar com iniciativas como o aulão preparatório gratuito de Matemática. O “Cálculo de Balada” é um exemplo – aulão interativo que prepara estudantes para o Enem, Pas e Vestibulares. Processos seletivos que podem garantir vagas em faculdades e/ou universidades públicas e privadas.

A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) – representante desses alunos dos ensinos fundamental, médio, profissionalizante e pré-vestibular – afirma que o espaço escolar, em todos os seus sentidos, é um lugar onde o aluno deve ter a sensação de pertencimento, em que ele deve opinar e ser ouvido.

De acordo com a presidência da Ubes, é preciso que novas políticas públicas sejam discutidas para assegurar um ensino inclusivo e de qualidade a todos os estudantes.

“Já conquistamos muitas vitórias ao nosso corpo estudantil, mas precisamos de mais. Há aluno que está há seis meses sem aula, porque o ensino público não consegue acompanhar a tecnologia. Isso é bem grave”, lamenta a presidente da Ubes.

Cálculo de Balada

A ideia do aulão preparatório de Matemática teve sua origem dentro de sala de aula. De forma interativa, ele prepara centenas de jovens do DF para ingressar em faculdades e universidades, públicas e privadas.

O primeiro aulão ocorreu dia 13 de junho de 2017, em São Sebastião, DF, em uma pizzaria. No início, os estudantes tinham de pagar uma taxa, o que fez com que boa parte dos integrantes do ensino público não fosse alcançado.

Fillipe Pacheco, durante aulão no 
IFB de São Sebastião-DF pré-pandemia
Foto: Arquivo Pessoal

Diante disso, o professor e criador do Cálculo de Balada, Fillipe Pacheco, se dedicou a reformular o projeto, para que se tornasse 100% gratuito. A proposta do aulão é expandir o ensino para além da sala de aula, em um formato diferente, em um fim de semana às vésperas de exames.

“A importância desse modelo de iniciativa é de suma importância, porque transforma a Educação em algo mais atrativo. Afasta do estudante o estereótipo de que o ensino seja algo chato.”

Presidente da Ubes, Rozana Barroso

Os aulões ocorriam de forma presencial, mas, com a pandemia, Fillipe Pacheco levou o projeto para o cenário digital, por meio de live via Instagram. A aula ao vivo, com redução no número de pessoas da banda e da equipe, seguiu todas as medidas de segurança contra a Covid-19 e teve um alcance positivo.

Na prática

O professor Fillipe Pacheco seleciona provas de exames anteriores, explica os conteúdos e canta a paródia com a banda, para que os alunos assimilem de forma mais fácil o conteúdo.

Com o apoio de um aplicativo de perguntas e respostas, os alunos têm direito ao tempo de uma música cantada para a resolução das perguntas. Após o prazo, Pacheco discute o gabarito com o corpo estudantil.

Quem é o Fillipe Pacheco

O professor Fillipe Pacheco, 31, atua tanto nas redes pública e privada de educação do Distrito Federal (DF). O matemático dá aulas no COC – Jardim Botânico, Cento Educacional do Ensino Médio 01 de São Sebastião e também na escola preparatória de concursos públicos – Gran Cursos.

Segundo ele, o início do projeto foi complicado, pois apesar de a ideia ser vista como inovadora, houve pouco apoio. “O primeiro teve um público de 27 pessoas. Ainda sorteei alguns ingressos; minha família ocupou um número de vagas significativo também. Acabei tendo um prejuízo enorme, porque era pago na época. Corri atrás de patrocínio para garantir sua gratuidade”, afirma o professor.

A chegada do novo Coronavírus não fez o matemático desistir da continuidade de sua missão. O mundo digital foi abraçado pelo professor, que deu origem a lives do Cálculo de Balada, transmitidas pela plataforma Instagram.

“As lives funcionaram como um custo-benefício. Além de eu e a minha equipe não perdemos tempo, ainda conseguimos alcançar mais pessoas. Ela realmente veio para ficar, porque o aluno pode acessar de onde estiver.”

Criador do Cálculo de Balada, Matemático e professor Fillipe Pacheco

 

Abaixo, confira encerramento da live do Cálculo da Balada, em maio de 2020:

A educação transforma

O ex-aluno de Fillipe Pacheco e estudante de Educação Física na Universidade de Brasília (UnB), Cleiton Souza, 21, afirma que o método é de extrema relevância. A turma de Ensino Médio do universitário foi a primeira a presenciar a ideia do Cálculo de Balada, em 2014.

Cleiton Souza concentrado no aulão, que ocorreu no IFB de São Sebastião,
 em 2018. Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução

“Quando eu passei na prova, uma das primeiras pessoas que procurei para agradecer foi o professor Fillipe. Agradeci por tudo que ele fez e está fazendo pela educação, por nós.”
Ex-aluno de Fillipe Pacheco, Cleiton Santos

Ele explicou ao Tudo OK Notícias que o aulão simula uma situação real de prova, com questões de vestibular e de concurso. Por meio do método, a capacidade de concentração também é estimulada, uma vez que os locais onde ocorrem são descontraídos.

A estudante do Ensino Médio, Mariana Ferrari, 16, afirma preferir o Cálculo de Balada no modo presencial, mas compreende a adaptação para lives. Ela conheceu o aulão ainda no final de 2019, por meio do professor, e acredita que a iniciativa é excelente.

“Além de o professor ter uma ótima didática, o Cálculo de Balada consegue prender a nossa atenção.”

Aluna de Fillipe Pacheco, Mariana Ferrari

À reportagem, a adolescente, que cursa o segundo ano do Ensino Médio, enfatizou que o aulão é bastante útil. “É uma forma diferente de aprender”, finaliza.

Impacto da pandemia do Coronavírus

A pandemia provocada pela Covid-19 afetou vários setores produtivos do DF. Um dos recortes mais impactados foi o setor educacional, agravado em função da desigualdade social existente no país. A exclusão digital, a fome, a estrutura do lar e a falta de incentivo foram alguns dos fatores expostos pela classe estudantil da rede pública como barreiras para seu pleno desenvolvimento.

Posição da Ubes

Em entrevista ao Tudo OK Notícias, a Ubes enfatizou que a educação brasileira deveria estar muito à frente, para que os estudantes não percam a perspectiva de futuro.

“Defendemos o direito por estudar. A questão da volta presencial às aulas, por exemplo, não é um debate simples; é preciso assumir responsabilidades”, acrescenta.

Presidente da Ubes, Rozana Barroso, em ato pela Educação (evento ocorrido antes
da pandemia). Foto: Ubes/Reprodução

Quando questionada sobre as aulas a distância, a União dos Estudantes diz jamais negar a implementação da tecnologia no ensino.

Mas explica que a situação também deve ser vista com olhos críticos: “a pandemia agravou a desigualdade. Nós vamos lutar contra a exclusão digital, a fome, o não acesso à internet e mais. O governo tem de lutar junto”, finaliza.

*Estagiária com supervisão de Maurício Nogueira

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