O forasteiro, o slogan “Galvão” e o ataque seletivo à mídia alternativa

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Foto: Ilustração

Deputado federal ataca blogs e veículos independentes, mas ignora bilhões em contratos com a grande mídia nacional

 

Um forasteiro político que desembarcou no Distrito Federal tem chamado atenção usando o slogan “Galvão”, uma tentativa midiática de angariar apoio entre os simpatizantes da esquerda na capital federal. Em uma recente publicação no Instagram, o agora apelidado “Galvãozinho” sugeriu a instauração de uma CPI da Mídia Alternativa do DF — proposta que soa mais como cortina de fumaça do que como real zelo pelo dinheiro público.

O parlamentar parece ignorar, propositalmente, que o orçamento anual do Distrito Federal determina que ao menos 10% dos recursos de publicidade institucional devem ser destinados a veículos de mídia alternativa, comunitária e redes sociais. Durante a gestão petista no DF, essa norma foi largamente desrespeitada, com a concentração quase absoluta dos contratos em grandes conglomerados de comunicação.

A blindagem da velha imprensa e os bilhões calados

A crítica mais dura, porém, recai sobre a omissão seletiva do deputado federal Reginaldo Veras (PV), membro da base do governo Lula. Enquanto volta suas armas contra a imprensa independente, Veras nada diz sobre os R$ 3,5 bilhões em contratos de publicidade celebrados em 2025 por ministérios, estatais e bancos federais. Valores que, ao que tudo indica, visam tentar frear a queda recorde da popularidade do presidente.

É de se esperar que um parlamentar que se diz defensor da moralidade proponha não apenas uma CPI contra pequenos blogs, mas também uma CPMI para investigar os grandes contratos de publicidade que sustentam a velha mídia, cada vez mais próxima do poder e distante da pluralidade democrática.

Demonizar a imprensa independente é desviar o foco

Os veículos alternativos cumprem papel essencial: são eles que fiscalizam o poder local, amplificam vozes marginalizadas e promovem o acesso à informação regionalizada. Atacá-los é, em muitos casos, atacar a própria diversidade de opinião — uma prática que revela mais desconforto com críticas do que real preocupação com os cofres públicos.

Além disso, cada blog ou canal alternativo representa geração de emprego, recolhimento de impostos e sobrevivência econômica para pequenas redações. A tentativa de criminalizar esses veículos, portanto, parece menos uma medida ética e mais uma estratégia de silenciamento.

Escândalos ignorados e a hipocrisia da moralidade seletiva

Enquanto isso, escândalos bilionários seguem se acumulando em Brasília. Um exemplo recente é o desvio de recursos que deveriam ir para aposentados de baixa renda, com prejuízo estimado em R$ 6,3 bilhões — sendo R$ 1,55 bilhão detectado em apenas um ano, segundo auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU).

Onde está a indignação de Veras diante desse roubo que atinge justamente os mais vulneráveis? Por que tamanha energia para investigar blogs e redes sociais, mas silêncio diante da corrupção institucionalizada?

Conclusão: a crítica fácil e o silêncio que custa caro

Atacar veículos pequenos é fácil e rende likes nas redes sociais. Difícil mesmo é enfrentar os verdadeiros ralos do orçamento público — localizados não nas redações improvisadas dos blogs, mas nas luxuosas sedes da velha imprensa nacional.

A liberdade de imprensa, plural e descentralizada, é um dos pilares da democracia. Tentativas de restringi-la, ainda que disfarçadas de moralismo, devem ser denunciadas com o mesmo rigor que se exige na apuração de grandes escândalos de corrupção.

 

Que se faça a CPMI — e que ela inclua as grandes mídias, para descobrir para onde o orçamento está indo e quem são os amigos próximos do governo federal que vêm sendo favorecidos.

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