O FIM DA GREVE DOS PROFESSORES E A LÓGICA DA MANIPULAÇÃO

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Foto: Redes Sociais

 

 

Numa disputa pelo domínio do campo político, quando se trata da luta sindical, é necessário considerar que a manutenção da unidade da categoria necessita de uma condução transparente dos propósitos da luta; entretanto, essa propalada unidade não pode ser construída baseada na mentira ou numa falsa narrativa. E nesse caso, para nossa decepção, a atual diretoria do SINPRO prestou-se a um infeliz papel.

 

A greve foi chamada e decidida num momento temerário, – período eleitoral, com a categoria dividida, e com uma única finalidade – eleger a chapa da situação.

 

É notório e do conhecimento – até do reino mineral – um crescendo de certa lógica da manipulação, tão comum nas direções sindicais pelegas. Os mais antigos já alertavam para essa prática, no início dos anos noventa do século passado; mas hoje ela se instalou de vez – afastando os mais novos e servindo de péssimo exemplo quando se trata de um sindicato de Professores da Educação Pública.

 

Como resultado dessa prática se tem a deseducação política, o esvaziamento de propostas pedagógicas e um desencanto com a formação docente. Isso tem gerado certo desconforto na categoria do Magistério Público do Distrito Federal; além, é claro, do afastamento das bases, – verdadeiras condutoras das lutas trabalhistas. Afinal, quando uma categoria é convocada à luta, ela o faz por propósitos sérios, viáveis e que apontem perspectivas. Mas lamentavelmente, a categoria foi traída pela postura da atual diretoria do SINPRO.

 

A proposta, apresentada pelo governo do DF (GDF) na segunda (23/06), não atendeu ao necessário reajuste salarial de 19,8%; e ao contrário do que propala a Diretoria eleita, não contemplou outras reivindicações. Vejamos. Quantos aos candidatos aprovados é obrigação do governo a nomeação desses, assim como prorrogação de concursos e realização de novos. Quanto à nova tabela de titulação a partir de janeiro de 2026 (10% para especialização/MBA, 20% para mestrado e 30% para doutorado) – devemos lembrar que isso, por si só, não atende ao grosso da categoria.

 

Agora, o mais curioso é a diretoria leita dizer que o pagamento dos dias cortados é uma conquista. Conquista? Gente, vamos usar os neurônios! A categoria de professores é a única que quando faz greve, tem de repor os dias parados. Temos de cumprir um calendário letivo de 200 dias. Quanto â mesa de conciliação permanente, novidade alguma.

 

A crônica da morte de uma greve anunciada – parafraseando Gabriel Garcia Marquez – já estava decidida (antecipadamente) e expressa no Boletim do SINPRO (EDIÇÃO EXTRA) nº 374 de 25 de junho de 2025 – dia da Assembleia Geral da Categoria: “A greve para, a luta segue”. Isso é óbvio, claro e evidente a lógica da manipulação peleguista – encerrar vergonhosamente uma greve por proclamações antecipadas aos ditames dos caciques sindicais e políticos. E essa mesma diretoria recém-eleita não fez jus a luta, coragem e disposição da categoria. E mais: ao final da votação – para conter os que não se deixam manipular – chamou a PMDF, fazendo o papel de estado. Categoria, leia o Dezoito Brumário, de Karl Marx!

 

À guisa de conclusão, professoras e professores, não alimentem ilusões, por um lado; e nem desencantos com as lutas sociais, por outro; mas a partir da nossa ação política consciente, buscar resolver as demandas da Educação Pública do DF.

Em tempo: o autor é filiado ao SINPRO desde 1986 e participante de todas as greves da categoria.

 

 

*José Gadêlha Loureiro, professor de História e Secretário Geral da ADEEP-DF (Associação de Diretores e Ex-diretores das Escolas Públicas da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal).

 

 

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