Por Miguel Lucena
Muito se fala do cartel dos combustíveis, que combina preços de gasolina como maestro afinando orquestra desafinada. Mas há um cartel ainda mais democrático: o das marmitas.
Brasília inteira parece ter assinado convenção coletiva de estômago: R$ 17,90 em qualquer esquina. É o preço mágico, o valor sagrado, o número cabalístico que une quentinhas de Ceilândia ao Lago Sul.
Pode variar o feijão, a carne ser dura ou o arroz estar empapado, mas a etiqueta é sempre a mesma. Nem precisa tabela FIPE: basta olhar para o balcão que já sabe o destino da sua fome.
No fim das contas, a inflação nem é no prato, é no bolso — e o freguês engole, junto com o arroz carreteiro, a sensação de que Brasília inventou até cartel de garfo e faca.