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Por Miguel Lucena
O Brasil, esse reality show sem intervalo comercial, acaba de ganhar mais um episódio tragicômico: o famoso “Careca do INSS”, investigado por embolsar milhões de reais dos aposentados, resolveu processar quem o chama pelo apelido. Está ofendido. Não pelo roubo atribuído, não pelas viúvas ludibriadas, mas pela calvície alheia que virou meme.
Ora, se o problema é capilar, que tal pegar uma lasquinha do dinheiro desviado e investir num bom implante turco? Ou então seguir a sugestão do meu filho Heitor: usar os cabelos do Tululu – aquele boneco desgrenhado que ninguém penteia – e montar uma peruca de respeito. Pode até lançar linha própria: “Perucas Previdenciárias – porque até o rombo merece estilo”.
Em última hipótese, deixava crescer só a parte de trás e inaugurava uma nova identidade: “Careca-Cabeludo”. Um toque de originalidade pra quem já tem talento pra ficção contábil.
Mas preferiu o caminho da Justiça. Quer ser chamado apenas pelo nome de batismo, como se o apelido fosse o maior dos seus crimes. E segue por aí, cabeça reluzente, processos na mão e nenhum fio de vergonha.
