Número de famílias ameaçadas de despejo aumentou mais de 600% desde o início da pandemia

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Ocupação Dragão do Mar, em Recife (PE). Foto Leo Silva

 

Dados novos divulgados pela Campanha Nacional Despejo Zero trazem um panorama das ameaças e execuções de reintegrações de posse nos dois anos de pandemia

 

 

O novo balanço divulgado pela Campanha Nacional Despejo Zero mostra uma realidade estarrecedora para o país: mais de 132.290 famílias estão atualmente ameaçadas de despejo no Brasil. Esse dado representa um aumento de 602% no número de famílias ameaçadas de despejo desde o início da pandemia, em março de 2020.

“O que observamos nesses dois anos de Campanha Despejo Zero é uma verdadeira bomba relógio: 132 mil famílias estão ameaçadas de perder seu teto, em um contexto em que a pobreza e a fome se aprofunda a cada dia”, afirma Raquel Ludermir, coordenadora de incidência política da ONG Habitat para a Humanidade Brasil e integrante da Campanha Despejo Zero.

 

Estas milhares de famílias estão protegidas temporariamente por medidas como a liminar do Supremo Tribunal Federal, que proíbe despejos na pandemia. Concedida pelo Ministro Barroso a partir da ADPF 828, protocolada pelo PSOL em parceria com a Campanha Despejo Zero, a liminar do STF garantiu diretamente a proteção de mais de 14 mil famílias em 2021. Porém, a preocupação das famílias e movimentos que lutam por moradia é constante: a liminar tem seu prazo vigente até o dia 31 de março de 2022, podendo ser prorrogada.

 

“É fundamental que se avance na garantia do direito à moradia para essas famílias”, afirma Benedito Roberto Barbosa, coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP) e integrante da Campanha Nacional Despejo Zero, “estamos numa situação de pandemia, que agravou muito as desigualdades sociais, e colocou em ainda mais vulnerabilidade as famílias pobres do país”.

 

Além das famílias atualmente ameaçadas de despejo, o balanço mostra que mais de 27.600 famílias foram despejadas durante a pandemia. O número, que representa um aumento de 333% no número de famílias despejadas desde março de 2020, poderia ser muito maior caso não houvessem medidas como a liminar, que garante um mecanismo para a suspensão legal de reintegrações de posse em todo o Brasil.

 

“É fundamental a atuação do Supremo Tribunal, a fim de continuar garantindo os direitos das populações mais vulneráveis nesse cenário de crise social, econômica e pandemia, mantendo a suspensão dos despejos. A falta de moradia agrava ainda mais os impactos da pandemia no Brasil, principalmente para as famílias pobres”, afirma Daisy Ribeiro, advogada da ONG Terra de Direitos, que também integra a Campanha Despejo Zero.

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