Um Natal sem alívio: o Brasil chega ao fim de 2025 sem esperança e com o poder em conflito

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Por Carlos Arouck

O fim de 2025 no Brasil se consolidou como um faroeste institucional, com fissuras abertas em todas as estruturas de poder. A crise no INSS segue atingindo o governo Lula, ao revelar desvios bilionários em descontos ilegais de aposentadorias. O escândalo alcança o entorno do Planalto, com citações a aliados, sindicatos próximos e familiares do presidente. O resultado é desgaste popular, CPI sem alcance efetivo e a tentativa de transferir responsabilidades para a gestão anterior, embora o esquema tenha vindo à tona sob o governo atual.

Ao mesmo tempo, a distribuição de emendas parlamentares se tornou um foco permanente de tensão no Centrão. Operações da Polícia Federal e decisões do STF expuseram pressões, retenções pouco transparentes e disputas internas pelo controle de verbas bilionárias. Esse quadro compromete o modelo de sustentação política do governo, força recomposições artificiais e escancara a dependência do Executivo em relação à barganha com o Congresso.

A crise institucional alcança o Judiciário. O STF é acusado de extrapolar competências e avançar sobre atribuições do Legislativo e do Executivo. Decisões controversas alimentam atritos recorrentes e reforçam a percepção de que a Corte passou a atuar como protagonista político, sem os freios previstos no sistema de pesos e contrapesos.

O caso do Banco Master agravou esse cenário. O Banco Central decretou a liquidação extrajudicial da instituição diante de suspeitas de fraudes envolvendo créditos fictícios e um rombo estimado em até R$ 50 bilhões no FGC. O controlador Daniel Vorcaro foi preso. Tentativas de venda ao BRB fracassaram após vetos do BC e articulações políticas. Vieram à tona contratos milionários do escritório da esposa do ministro Alexandre de Moraes com o banco, patrocínios a eventos com ministros do STF e do STJ, além de relatos de contatos de Moraes com o presidente do Banco Central para tratar do caso. O inquérito acabou deslocado para o STF por decisão de Dias Toffoli, que avocou o processo e determinou diligências, oitivas e acareações na própria Corte. O conjunto reforça acusações de conflito de interesses e de proximidade indevida entre magistrados e o sistema financeiro, corroendo a credibilidade do Judiciário.

No mercado financeiro, a apreensão aumentou. A Faria Lima reage mal à percepção de interferência judicial sobre instituições como o Banco Central, somada à fragilidade fiscal, aos juros elevados e ao risco sistêmico. Esse ambiente afeta o Centrão, dependente das emendas, o próprio Judiciário, alvo de críticas por benefícios e decisões seletivas, e setores do PT no Nordeste, que sentem os reflexos econômicos em suas bases eleitorais.

Para completar o quadro, a relação entre a Globo e o Judiciário entrou em um dos momentos mais tensos. A emissora intensificou a cobertura crítica de decisões da Corte, enquanto ministros respondem com sinais de incômodo. Cresce a percepção de que a imprensa tradicional passou a confrontar o que considera excessos do poder togado.

Nesse contexto, a relação entre o mercado financeiro e o Judiciário se deteriora rapidamente. Circulam relatos de pressões indevidas, receio de imprevisibilidade institucional e aumento da saída de capitais. O caso Master se tornou símbolo desse desgaste e alimenta a avaliação de que parte do establishment financeiro pode antecipar apoio a alternativas vistas como mais previsíveis em 2026.

O Brasil que encerra 2025 apresenta um cenário de instabilidade: Executivo acuado por escândalos, Legislativo operando pela própria sobrevivência, Judiciário sob questionamento constante e mercado em alerta. A governabilidade permanece frágil. O recado deixado pelo ano é direto: sem a recomposição efetiva da separação entre os poderes e mecanismos reais de contenção, a crise tende a se aprofundar.

Feliz Natal! Que Cristo ilumine suavemente nosso coração e nos conduza, passo a passo, no caminho da paz.

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