Crianças que têm dificuldade em manter o foco em tarefas, se organizar e controlar o seu comportamento podem ter transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Um estudo apresentado nesta terça-feira no encontro anual da Sociedade Acadêmica de Pediatria, no Canadá, aponta que parte dessas crianças enfrenta, também, desafios traumáticos que poderiam agravar a severidade do transtorno ou contribuir para o seu desenvolvimento.
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Título original: Associations Between Adverse Childhood Experiences and ADHD: Analysis of the 2011 National Survey of Children’s Health
Onde foi divulgada: encontro anual da Sociedade Acadêmica de Pediatria, no Canadá.
Quem fez: Nicole M. Brown, Suzette N. Brown, Miguelina German, Peter F. Belamarich e Rahil D. Briggs.
Instituição: Faculdade de Medicina Albert Einstein e Hospital Infantil do Brooklyn, nos Estados Unidos.
Resultado: Experiências adversas recorrentes na vida da criança, como violência doméstica e divórcio dos pais, podem agravar quadros de TDAH ou contribuir para o aparecimento do transtorno.
Os pesquisadores utilizaram dados concedidos pelos pais de 65 680 crianças e adolescentes com idades entre 6 e 17 anos sobre questões como diagnóstico do TDAH, sua gravidade, uso de medicamentos e experiências adversas que os filhos teriam passado. Entre elas estavam tópicos sobre pobreza, divórcio, morte de um dos pais ou responsável, violência doméstica, violência no bairro, abuso de substâncias, encarceramento, doença mental de algum familiar e discriminação.
Cerca de 12% das crianças foram diagnosticadas com TDAH. Entre aquelas com o transtorno, 17% haviam tido ao menos quatro eventos traumáticos, ante 6% dos pequenos sem TDAH. As que viveram quatro ou mais experiências adversas apresentaram três vezes mais chances de usar medicamentos para o transtorno do que aquelas que tinham três ou menos eventos como esses. Elas também eram a maioria das que apresentavam TDAH em estado moderado ou severo.
“Saber a constância e os tipos de quaisquer experiências adversas numa criança diagnosticada com TDAH pode ajudar a guiar esforços para lidar com o trauma e, ainda, melhorar a precisão do diagnóstico e a gestão do transtorno”, explica Nicole M. Brown, coautora do estudo e professora de pediatria da Faculdade de Medicina Albert Einstein, nos Estados Unidos.
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1. Distração

As crianças com TDAH perdem facilmente o foco das atividades quando há algum estímulo do ambiente externo, como barulhos ou movimentações. Elas também se perdem em pensamentos “internos” e chegam a dar a impressão de serem “avoadas”. Essas distrações podem prejudicar o aprendizado, levando o aluno a ter um desempenho muito abaixo do esperado.
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2. Perda de objetos
Perder coisas necessárias para as tarefas e atividades, tais como brinquedos, obrigações escolares, lápis, livros ou ferramentas, é quase uma rotina. A criança chega a perder o mesmo objeto diversas vezes e esquece rapidamente do que lhe é dado.
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3. Falta de concentração na lição escolar
(Thinkstock)
Impaciente, não consegue manter a atenção por muito tempo. Por isso tem dificuldade em terminar a tarefa escolar, pois não consegue se manter concentrada do começo ao fim, e acaba se levantando, andando pela casa, brincando com o irmão, fazendo desenhos…
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4. Movimentação constante
(Thinkstock/VEJA/VEJA)
Traço típico da hiperatividade, é comum que mãos e pés estejam sempre em movimento, já que ficar parado é praticamente impossível. A criança acaba se levantando toda hora na sala de aula e costuma subir em móveis e em situações nas quais isso é inapropriado. Para os pais, é como se o filho estivesse “ligado na tomada”.
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5. Brincadeiras e passeios agitados
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(Thinkstock/VEJA/VEJA)
Existe grande dificuldade em participar de atividades calmas e em silêncio, mesmo quando elas são prazerosas. Em vez disso, preferem brincadeiras nas quais possam correr e gritar à vontade. Por isso costumam ser vetados de algumas festas de aniversário ou passeios escolares.
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6. Falta de paciência
(Thinkstock)
Tendem a ser impulsivas e não conseguem esperar pela sua vez em filas de espera em lojas, cinema ou mesmo para brincar. É comum ainda que não esperem pelo fim da pergunta para darem uma resposta e que cheguem a interromper outras pessoas.
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7. Desatenção
(Thinkstock)
Distraída e sem conseguir prestar atenção na conversa, dificilmente consegue se lembrar de um pedido dos pais ou mesmo de uma regra da casa. A sensação que se tem é a de que ela vive “ no mundo da lua”. É comum, portanto, que os pais acabem repetindo inúmeras vezes a mesma coisa para a criança, que nunca se lembra do que foi dito.
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8. Impulsividade
(Thinkstock/)
A criança com TDAH não tem paciência nem para concluir um pensamento. Assim, ela acaba agindo sem pensar e chega a ser impulsiva e explosiva em alguns momentos. Os rompantes podem ser vistos, por exemplo, durante brincadeiras com os demais colegas que culminem em brigas ou discussões. Veja