STF inicia julgamento de dez réus do núcleo militar da trama golpista

Compartilhar:
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
[views count="1" print= "0"]
Foto: Rosinei Coutinho/STF
[tta_listen_btn listen_text="Ouvir" pause_text="Pause" resume_text="Retomar" replay_text="Ouvir" start_text="Iniciar" stop_text="Parar"]

Entre os acusados estão generais, coronéis e um agente da Polícia Federal; grupo é apontado pela PGR por planejar ataques e incitar golpe de Estado após derrota de Bolsonaro em 2022

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começou nesta terça-feira (11) o julgamento de dez réus do chamado núcleo 3 da trama golpista, formado por militares conhecidos como “kids pretos do Exército”. O grupo é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de integrar o plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa ataques contra autoridades e a tentativa de instaurar um regime de exceção no país.

As sessões ocorrem nos dias 11, 12, 18 e 19 de novembro, das 9h às 12h — com extensão até as 19h nas duas primeiras datas. O julgamento segue a condenação de outros sete réus do núcleo 4, julgados anteriormente pelo Supremo.

Segundo a denúncia, o núcleo 3 era composto por nove militares e um agente da Polícia Federal, Wladimir Matos Soares, que atuou na posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e teria repassado informações internas ao grupo. Os demais réus são: Bernardo Romão Correa Netto, Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, Fabrício Moreira de Bastos, Hélio Ferreira Lima, Márcio Nunes de Resende Júnior, Rafael Martins de Oliveira, Rodrigo Bezerra de Azevedo, Ronald Ferreira de Araújo Júnior e Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros.

A PGR pediu a condenação de nove deles pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Para Ronald Ferreira Júnior, o órgão solicitou a desclassificação das acusações para incitação ao crime, o que pode viabilizar um acordo de não persecução penal.

Planejamento e incitação
De acordo com as investigações, os acusados usaram sua posição na hierarquia militar para incitar colegas à adesão ao golpe. Entre eles, o general da reserva Estevam Theophilo foi apontado em delação do tenente-coronel Mauro Cid como o militar que “tomaria a iniciativa” caso o então presidente Jair Bolsonaro (PL) decretasse uma medida de exceção.

O grupo também teria operacionalizado o plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa o assassinato de autoridades como o ministro Alexandre de Moraes e os integrantes da chapa eleita em 2022, Lula e Geraldo Alckmin (PSB). A ação, segundo a PGR, visava criar um cenário de caos social que justificasse um golpe militar.

Das articulações ao julgamento
As investigações indicam que Bolsonaro e aliados elaboraram documentos e discutiram juridicamente a possibilidade de reverter o resultado eleitoral de 2022. O então presidente teria se reunido com comandantes das Forças Armadas e recebido relatórios sobre o suposto plano de atentados, antes de deixar o país rumo aos Estados Unidos, em 30 de dezembro daquele ano.

Mesmo com sua ausência, apoiadores mantiveram acampamentos em frente a quartéis e, em 8 de janeiro de 2023, invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, em um ato que culminou na maior ofensiva contra a democracia desde a redemocratização.

Em 2024, a Polícia Federal deflagrou as operações Tempus Veritatis e Contragolpe, que reuniram provas da participação direta de Bolsonaro e de militares no planejamento da tentativa de ruptura institucional. A partir dessas investigações, a PGR apresentou denúncia ao STF em fevereiro de 2025, tornando o ex-presidente e outros envolvidos réus por cinco crimes, entre eles tentativa de golpe de Estado.

A defesa de Bolsonaro alega que os fatos descritos pela PGR são “atos políticos” e que não houve tentativa real de golpe. O ex-presidente afirma ter apenas discutido “possibilidades” com os comandantes militares, negando qualquer intenção de usurpar o poder.

O julgamento do núcleo militar deve se estender até o fim de novembro e pode abrir caminho para a definição de penas mais duras aos envolvidos nas articulações golpistas.

 

 

Acompanhe ao vivo:

Mais lidas

STF inicia julgamento de dez réus do núcle...
Conta de luz mais barata faz inflação cair...
Plenarinha Distrital reforça protagonismo ...
...