Uma pausa no semáforo
Por Aderval Andrade
Hoje, trago aos leitores uma reflexão, provocando-os a observar ao seu redor no momento em que você passar por um semáforo. Pois ali encontramos uma mistura de todas as classes sociais, desde o dono do carro mais caro até o motorista com seu patrão ou autoridade, o ciclista, o motociclista, o pedestre, o vendedor ambulante, o pedinte e o ônibus coletivo cheio de passageiros.
No semáforo, cada um tem um objetivo: seja o pedinte conseguir o sustento para o seu dia, o motorista garantir que chegará ao seu destino sem nenhuma ocorrência, o ambulante que é um empreendedor atingir sua meta diária, o empresário conduzir seus negócios e crescer mais com inovação, ou os passageiros chegarem ao destino na hora certa. No encontro do semáforo, podemos observar a grande diversidade de carros velhos, novos, importados e nacionais, motos, bicicletas e, muitas vezes, até carroças. Todos têm algo em comum: parar no semáforo. Todos têm um destino e um objetivo, chegar a algum lugar sem qualquer impedimento ou ocorrência.
Nesse pequeno espaço de tempo no semáforo, observamos o quão grandes somos e quão pequenos ao mesmo tempo. Somos todos passageiros dessa locomotiva chamada vida, somos seres humanos conduzindo ou sendo conduzidos por ela. Esse encontro pode fazer a diferença se cada pessoa for mais humanizada, capaz de entender as diferenças e respeitá-las, pois a pausa no semáforo é necessária e sempre teremos um semáforo em nossa caminhada. Ignorar não é o caminho, precisamos entender e construir uma solução com as instituições paraestatais. Se chegamos a esse ponto, o Estado falhou em algum momento, seja por ação ou omissão.
É preciso ressignificar os órgãos competentes na área social, rever a forma de cadastros e fomentar a qualificação e capacitação profissional daqueles que recebem benefícios sociais. É no mínimo curioso que pessoas passem cinco ou dez anos inscritas em programas sociais, enquanto há uma quantidade imensa sem atendimento. Há uma lista reprimida nos Centros de Referência de Assistência Social – CRAS. Digo isso em todo o Brasil, quando o ideal é que seja algo provisório.
Alguns não buscam a saída da informalidade, pois é cômodo se submeter a tal situação. Mal sabem que têm potencialidade para conquistar grandes feitos, mas o comodismo é estimulado pela falta de condicionamento e conscientização desses programas aos beneficiários.
Enfim, pode parecer insignificante falar do semáforo e relacionar com a pauta social, mas se leu até aqui, pense e comece a observar suas paradas no semáforo da vida, assim como no poema “No meio do caminho”, obra-prima do escritor Carlos Drummond de Andrade. Digo a você, caro leitor, há um semáforo em sua vida, independentemente de quem esteja ao seu lado. Todos têm um valor e uma história para contar.
Ir para o conteúdo






