O impacto emocional do fim de ano na saúde mental

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Expectativas altas, emoções à flor da pele

 

Por Simone Salles

Dezembro chega como um convite à celebração, mas também como um teste silencioso para o emocional. Entre luzes, encontros e promessas de recomeço, cresce um sentimento menos visível: a ansiedade. O fim do ano concentra expectativas, balanços pessoais e pressões sociais que transformam o período em um turbilhão interno. Para muitos, é quando a saudade pesa mais, o dinheiro falta, as metas não cumpridas ecoam e a comparação com o “ano ideal” gera frustração.

 

Especialistas explicam que essa mistura de retrospectiva com cobranças pode intensificar sintomas de angústia, tristeza e cansaço emocional, fenômeno popularmente chamado de “síndrome do fim do ano” ou “dezembrite”. Não se trata de um diagnóstico clínico, mas de um conjunto real de sensações que afetam a saúde mental. Estudos indicam aumento significativo dos níveis de estresse nesse período, impulsionado por pressões financeiras, excesso de compromissos, mudanças na rotina e a exigência social de felicidade constante.

 

As festas de fim de ano evocam imagens de união e alegria, em meio a movimento nas ruas, casas decoradas, música e celebrações, mas esse mesmo cenário pode intensificar sentimentos de saudade, tristeza e solidão, tornando o período emocionalmente delicado para muitas pessoas. Dados da Associação Brasileira de Psiquiatria indicam que a ansiedade atinge cerca de 9% dos brasileiros ao longo do ano e ultrapassa 12% nesse período, enquanto a a International Stress Management Association – Brasil (Isma-BR) aponta um aumento de até 75% nos níveis de estresse. Soma-se a isso o fato de que, segundo a American Heart Association, 79% das pessoas se preocupam tanto em criar momentos especiais para os outros que acabam negligenciando o próprio cuidado emocional.

 

O luto também encontra nas festas um terreno sensível. Datas simbólicas funcionam como amplificadores de ausências, tornando o Natal e o Ano Novo especialmente difíceis para quem perdeu alguém querido. Mesmo em meio a reuniões familiares, a solidão pode se manifestar com força, reforçando sentimentos de melancolia e isolamento.

 

A boa notícia é que atravessar esse período com mais leveza é possível. Ajustar expectativas, simplificar rituais, estabelecer limites e criar pausas conscientes ajudam a reduzir a sobrecarga emocional. Práticas fáceis, como respiração profunda, organização financeira básica e momentos de silêncio ou espiritualidade, fortalecem a regulação emocional. Atividades físicas leves aumentam os neurotransmissores como a endorfina e a serotonina e reduzem o nível de cortisol, melhorando o humor e o sono. 

 

Falar sobre o que se sente e buscar apoio, seja de pessoas próximas ou de profissionais, é um gesto de cuidado e não de fraqueza.

 

No meio do brilho das comemorações, reconhecer as próprias fragilidades pode ser o passo mais honesto rumo a um novo ciclo. O fim do ano não precisa ser apenas uma linha de chegada exaustiva, mas também um espaço de acolhimento, reflexão e preparo emocional para recomeçar com mais consciência e gentileza consigo mesmo.

 

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