O Brasil no limiar do caos político, judicial e econômico

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Por Carlos Arouck

Setembro de 2025 marca um momento de combustão múltipla no Brasil. O país caminha para um enredo de instabilidade sem precedentes, em que cada movimento do Judiciário, do Executivo e do Legislativo se entrelaçam em um jogo de poder sem regras claras. Três acontecimentos simultâneos sintetizam a crise: o julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), as denúncias contra o ministro Alexandre de Moraes e a CPMI do INSS, que investiga fraudes bilionárias. Como pano de fundo, o fracasso econômico do governo Lula transforma descontentamento popular em caos institucional.

O processo contra Jair Bolsonaro e sete aliados, iniciado em 2 de setembro, coloca pela primeira vez um ex-presidente brasileiro diante da possibilidade de condenação por mais de 30 anos de prisão. A defesa alega ausência de provas consistentes e acusa Alexandre de Moraes de atuar como parte interessada, não como juiz imparcial. Em qualquer cenário, de condenação ou absolvição, a Corte já encontra sua legitimidade comprometida e desgastada.

Enquanto julga Bolsonaro, Alexandre de Moraes se torna alvo de denúncias feitas por Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do TSE. Ele acusa o ministro de manipular estruturas institucionais para monitorar cidadãos e alimentar inquéritos do STF. As alegações levaram à coleta de assinaturas para a instalação de uma “CPMI da Vaza Toga” com o intuito de investigá-lo. O próprio ministro se vê réu no tribunal da opinião pública durante o processo de decisão sobre o destino de Bolsonaro, gerando um impasse institucional.

No Congresso, a CPMI do INSS expõe fraudes de R$ 6,3 bilhões em descontos ilegais de aposentadorias. Em vez de apenas apurar responsabilidades e devolver dignidade aos lesados, a comissão virou mais um palco de guerra política, onde oposição e base governista trocam acusações.

Com depoimentos explosivos, pedidos de prisão e ameaças de convocação de ex-presidentes, a CPMI corre o risco de se perder em disputas eleitorais antecipadas para 2026. O maior perigo é que, em meio à retórica, os aposentados – principais vítimas do esquema – acabem relegados a segundo plano.

Enquanto as instituições se engalfinham, a economia brasileira dá sinais de esgotamento. O PIB deve crescer apenas 0,4% em 2025, segundo as últimas projeções do Banco Central – um resultado pífio diante da promessa de retomada feita por Lula em 2022. A inflação acumulada em 12 meses voltou a 7,8%, corroendo salários e atingindo principalmente os mais pobres.

O desemprego, que estava em queda até 2023, voltou a subir e já alcança 10,2% da população ativa – mais de 11 milhões de brasileiros sem trabalho. Outros 40 milhões sobrevivem na informalidade, sem carteira assinada, sem proteção social e sem perspectiva de estabilidade. O dólar, acima de R$ 6,00, encarece alimentos importados, combustíveis e medicamentos, elevando o custo de vida das famílias.

O impacto é sentido principalmente no cotidiano dos mais vulneráveis. Estima-se que 33 milhões de brasileiros enfrentem insegurança alimentar grave, número que voltou a crescer após uma breve queda em 2023. Arroz, feijão, óleo de soja e gás de cozinha pesam cada vez mais no orçamento. Famílias precisam escolher entre pagar contas básicas ou comprar comida. Hospitais públicos sofrem com falta de insumos, enquanto a violência urbana cresce em meio à desesperança.

A situação fiscal agrava o cenário: o déficit primário já supera R$ 180 bilhões, a dívida pública chega a 78% do PIB, e o governo não avançou em reformas estruturais. Programas sociais, como o Bolsa Família, perderam poder de compra diante da inflação. Já os aposentados, que deveriam ser protegidos, foram duplamente atingidos: pela corrosão dos benefícios e pelo escândalo das fraudes no INSS.

O resultado é um país exausto, em que a frustração econômica se soma à crise política. A base social que sustentou Lula em 2022 se racha diante do desemprego, da carestia e da ausência de respostas. O governo, sem força política nem capacidade técnica, torna-se parte central do problema.

O julgamento de Bolsonaro pode incendiar ruas e redes; as denúncias contra Moraes colocam em xeque a legitimidade do STF; a CPMI do INSS ameaça corroer a confiança no Estado; e o fracasso econômico que empurra milhões de brasileiros para a pobreza compõem um cenário de alta instabilidade, característico de um governo com crescente perda de apoio popular.

O país já viveu crises antes, mas a soma atual de fatores – um ex-presidente no banco dos réus, um ministro do STF na berlinda, o Congresso como arena de revanches, o Executivo paralisado entre pressões internas e externas e um escândalo bilionário envolvendo aposentados – resulta em caos completo, não somente político e judicial, mas sobretudo econômico, ao deixar milhões de cidadãos na
miséria.

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