A luta contra o câncer de próstata revela obstáculos profundamente enraizados no machismo e preconceito
No Brasil, o medo do exame de toque retal persiste, desafiando as políticas públicas em prol da saúde masculina. Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), 1 em cada 7 homens teme esse procedimento, essencial para detectar precocemente o câncer de próstata, o segundo tipo mais comum em homens, conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
O câncer de próstata leva um brasileiro a óbito a cada 38 minutos, com estimativas de 71.730 novos casos anuais para o triênio 2023-2025. O médico endocrinologista e pesquisador Flavio Cadegiani destaca que o atraso no diagnóstico vai além da assistência insuficiente à saúde, sendo alimentado por fatores como o machismo enraizado.
“Questões estruturais, como o machismo profundamente enraizado, são um verdadeiro obstáculo em um país onde o exame clínico como o toque retal é de suma importância por conta da dificuldade de se realizar exames de sangue e de imagem”, alerta Cadegiani.
Além do câncer de próstata, o especialista ressalta que o preconceito e a falta de informação impactam outros problemas de saúde masculina. O câncer de pênis, uma realidade no Brasil, exemplifica a negligência alimentada por falta de informação, preconceito e intimidade.
Cadegiani enfatiza que a precariedade não se limita aos órgãos sexuais masculinos, abrangendo a saúde mental. “A saúde mental do homem é mais um tabu e, com isso, negligenciada em mais diversos níveis”, destaca, mencionando a silenciosa batalha contra depressão, ansiedade e outros problemas mentais. O especialista destaca que grupos específicos, como homens que fazem sexo com homens, não-cis e trans, homens não brancos e homens com obesidade, enfrentam ainda menos acolhimento, investigação e tratamento.
Diante desse cenário, Cadegiani aponta a necessidade de políticas públicas eficazes. Ele ressalta a importância de ações voltadas para a Saúde Integral do Homem, iniciando desde a adolescência, e observando as barreiras que dificultam a adesão masculina aos programas de saúde. “O momento é de unir a população para combater e reduzir várias dessas doenças, permitindo que homens vivam suas vidas com toda a liberdade e qualidade que a medicina, quando bem praticada, permite”, conclui Cadegiani.
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