Marina Flat & Náutica afunda em dívidas, abandono e denúncias de desvios

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Escândalo atinge empreendimento de multipropriedade em Goiás, com suspeitas de superfaturamento, contas paralelas e conflitos de interesse na gestão

 


O que um dia foi vendido como símbolo de luxo e inovação no turismo de Goiás, o Marina Flat & Náutica, hoje enfrenta uma crise sem precedentes. Dívidas milionárias, abandono estrutural, má gestão e denúncias de desvio de recursos transformaram o empreendimento em um verdadeiro campo de batalha judicial e moral.

Um dos cotistas, que pediu anonimato e será identificado pelo pseudônimo Paulo Freitas, revelou ao Tudo OK Notícias as entranhas de um esquema que já acumula cerca de R$ 33 milhões em dívidas. Segundo ele, o Marina Flat conta com 160 unidades, distribuídas entre dez cotistas — cada um com direito a cinco semanas anuais — e uma cota adicional, pertencente ao chamado “cabecel”, responsável pela manutenção. No entanto, essa semana de manutenção teria sido usada para promover um megafestival de música eletrônica, gerando revolta entre os proprietários.

Freitas explica que, independentemente do número de cotas, todos pagam integralmente o valor do condomínio: R$ 254,39 para unidades de um quarto e R$ 414,95 para as de dois quartos, somando uma arrecadação considerável. Apesar disso, o dinheiro parece não estar sendo revertido em melhorias.

“Cortaram a internet, a TV a cabo das crianças, os banheiros estão vazando, cortinas rasgadas, móveis velhos e toalhas que parecem pano de chão”, denunciou.

As queixas vão além da deterioração física. Segundo Freitas, o ex-gerente Celso teria contratado uma empresa de segurança para perseguir os próprios proprietários que usavam a piscina e chegou a proibir o uso de coolers. “Ele demitiu o rapaz que lavava as piscinas de madrugada para bancar a empresa de segurança. Depois, foi demitido também”, relatou.

As denúncias de má gestão ganham corpo com as declarações do empresário Sidney Monteiro de Oliveira, que afirmou existir um esquema de fraude e apropriação indébita na administração do condomínio. Sidney cita indícios de superfaturamento, uso irregular de contas bancárias e desvio de taxas condominiais, mesmo após decisões judiciais.


Ele assinou contrato em 1º de setembro de 2021 com Dr. Waldo Palmerston, representante da Atrium Gestão Empresarial Ltda, responsável pela administração. De acordo com Sidney, a empresa ficaria com 20% da arrecadação bruta, percentual que não consta em contrato formal.

As acusações também atingem o atual gestor, Charles Garcia Kriunas, que estaria contratando serviços de empresas ligadas aos próprios administradores — o que configura conflito de interesse. Sidney afirma cobrar uma dívida de R$ 4 milhões, acumulada desde 2021, e denuncia a abertura de contas paralelas para movimentação irregular de recursos.

Freitas cita ainda as empresas Nova Gestão Investimentos e Participações Ltda. e W80 Empreendimentos Imobiliários Ltda. como parte central do problema. Segundo ele, a Associação Civil de Proprietários precisou acionar a Justiça por irregularidades no uso das águas termais e na instalação de uma caldeira de biomassa. A liminar determinou a regularização do sistema dentro do condomínio — mas o impasse persiste.

O cerne do conflito parece estar no poder concentrado nas mãos do “cabecel”. Freitas afirma que as assembleias são realizadas sem convocação formal dos cotistas e com decisões tomadas de forma unilateral:

“Eles fazem assembleias online entre eles mesmos. Não comunicam, não mandam e-mails, não convocam ninguém. Fazem tudo à revelia.”

A incoerência entre o discurso de expansão e a realidade de colapso financeiro levanta uma pergunta incômoda: de onde vem o dinheiro que sustenta as novas operações do grupo, inclusive fora de Goiás? Documentos e reportagens sugerem que recursos do Marina Flat podem estar sendo usados para financiar outros empreendimentos.

Enquanto investidores aguardam respostas e a Justiça analisa as denúncias, o silêncio domina. Nenhum dos empresários citados se pronunciou até o fechamento desta reportagem. O que deveria ser um modelo de sucesso do turismo goiano transformou-se em um símbolo de decadência, má gestão e suspeitas de corrupção — um reflexo sombrio das distorções do mercado de multipropriedade no Brasil.

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