Na tarde desta terça-feira (6), o Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) apresentou os principais resultados da etapa qualitativa da pesquisa “População em situação de rua no Distrito Federal”. O trabalho, desenvolvido pelo Instituto e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA Brasil), percorreu as Regiões Administrativas (RAs) Águas Claras, Ceilândia, Plano Piloto e Taguatinga, e considera as trajetórias pessoais dessas pessoas quanto ao uso da rua como uso de moradia, sociabilidades e subsistência.
A pesquisa aponta que as principais causas da situação de rua estão relacionadas aos casos acidentais e aos derivados anseios pessoais. O primeiro (acidentais), diz respeito a perda da moradia fixa, desemprego, depressão e, desde 2020, a pandemia de covid-19. O segundo motivador (pessoais), está ligado as mudanças de cidade, conseguir um emprego, obter renda ou até mesmo se manter na trajetória de rua.
Das relações pessoais desta população com suas famílias, uma parte significativa delas afirmaram possuir algum tipo de contato com seus parentes, seja por telefonemas, mensagens, redes sociais, visitas à casa dos familiares ou encontro nas ruas. Da mesma forma, existem casos de rupturas por longos períodos ou de forma definitiva. Muitos desses distanciamentos ou movimentos pendulares são consequências de conflitos familiares, decorrentes de discussões por conta de uso de drogas, álcool, dentre outros fatores. Em vários casos, a relação complicada é amenizada com a ida para a rua. Vale lembrar que esse conjunto diverso de conexões é análogo as diferentes trajetórias narradas.
A prática de manguear, sensibilizar um potencial doador a realizar uma doação, é uma característica corriqueira dentre as pessoas em situação de rua. E este ato, em algum momento, se impõe às necessidades relacionadas à alimentação. Apesar dos esforços do mangueiro sejam de conhecimento de todas as pessoas entrevistadas, muitas delas separam o trabalhar e o pedir.
Serviços especializados de atendimento
A relação entre as pessoas em situação de rua e a interação pessoal com profissionais das instituições de apoio são fundamentais para a classificação de suas percepções sobre o é positivo e negativo para eles. As comunidades terapêuticas, usualmente chamadas de “casas de recuperação”, eram, à época do levantamento, corriqueiramente ponderadas em relação às regras existentes nesse tipo de atendimento.
Nas comunidades terapêuticas, uma parte significativa das pessoas apontava para um ponto positivo: boa relação com os profissionais, técnicos, psicólogos e a qualidade da alimentação. Como fatores negativos, estavam as regras abusivas, como trabalho forçado; horários rígidos; má relação com agentes de segurança; e até mesmo a abstinência de cigarros e drogas, que são à principal função das instituições dessa natureza, uma vez que elas buscam erradicar o consumo de substâncias químicas lícitas ou ilícitas.