Empresas ligadas a empresários de Goiás são alvo de centenas de ações judiciais por promessas não cumpridas e suposto superfaturamento em resort de luxo no interior paulista
Um intrincado esquema de negócios envolvendo multipropriedade, suposto superfaturamento e conflitos societários volta a chamar atenção — desta vez, em Olímpia (SP), destino turístico conhecido como a “Orlando brasileira”. A cidade, que atrai milhares de turistas e investidores todos os anos, tornou-se palco de disputas judiciais e denúncias de práticas semelhantes às que já vinham sendo investigadas em Caldas Novas (GO).
De acordo com reportagem publicada pelo g1 em 3 de novembro de 2025, a rede de empresas ligada ao grupo WGSA 02 Empreendimentos Imobiliários Ltda., responsável pelo Solar das Águas Park Resort, é acusada de irregularidades administrativas, indícios de desvio de recursos e promessas comerciais não cumpridas.
O nome da empresa carrega as iniciais de seus principais articuladores:
-
W — Waldo Palmerston Xavier
-
G — Griffe Investimentos, de Rafael Pereira de Almeida
-
S — Sandro Antônio Scodro (Sandro Mabel)
-
A — ABL Prime, empresa de projetos sediada em Goiânia
Embora oficialmente alguns dos empresários não constem como sócios diretos da WGSA 02, nomes como Marcos Freitas, André Ladeira, Charles e Alexandre Adailton também são apontados como participantes ativos nas negociações de cotas e frações imobiliárias.
Os apartamentos do Solar das Águas Park Resort foram vendidos em regime de multipropriedade, modelo que permite a compra de cotas de uso. Vendedores do grupo abordavam turistas na cidade prometendo alto retorno financeiro e participação nos lucros das locações. A proposta, no entanto, teria se mostrado ilusória para muitos compradores.
O engenheiro eletricista Reinaldo Ozaki, morador de Registro (SP), relatou que investiu cerca de R$ 22 mil após ser abordado durante viagem de lazer a Olímpia, em 2017. Segundo ele, as dificuldades começaram logo após a assinatura do contrato.
“O motivo principal da minha desistência foi o não cumprimento do que foi prometido. Prometeram um investimento com retorno garantido, mas percebemos que nada disso estava acontecendo. Além disso, começaram a cobrar condomínio com o prédio ainda em obras”, afirmou em entrevista ao g1.
Uma consulta feita pelo portal junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) revelou mais de mil processos ativos envolvendo a WGSA 02, incluindo ao menos 15 ações movidas pelo advogado Yuri Crepaldi, de Olímpia. Ele afirma que as vendas começaram ainda em 2015, antes mesmo do início da construção do resort.
“Os investidores acreditaram nas promessas de uso e lucro, mas muitos não conseguiram usufruir das cotas nem obter o retorno financeiro esperado. Quando tentaram rescindir os contratos, esbarraram em barreiras burocráticas e negativas do grupo”, explica Crepaldi.
O grupo, que tem origem em Goiás, teria ramificações em outras regiões do país, repetindo um modus operandi que mescla práticas agressivas de vendas, promessas de rentabilidade e ausência de transparência nas gestões financeiras.
O g1 e o site Tudo Ok Notícias tentaram contato com os empresários e advogados ligados à WGSA 02 Empreendimentos Imobiliários, mas não obtiveram resposta até a publicação desta reportagem.
Enquanto isso, investidores e cotistas seguem recorrendo à Justiça em busca de indenização e responsabilização dos envolvidos. O caso, que já ecoa entre autoridades locais e órgãos de defesa do consumidor, reforça um alerta nacional sobre a falta de fiscalização no setor de multipropriedade e a vulnerabilidade de pequenos investidores atraídos por promessas de lucro fácil.
Ir para o conteúdo








